MAB – Os atingidos por Belo Monte estão angustiados com a demora da Norte Energia em garantir o reassentamento das famílias dos baixões de Altamira. A empresa se comprometeu a mudar 4.100 famílias até o fim do ano, mas até agora só foram mudadas 257 famílias.
“Disseram que está tudo certo já faz dois meses, mas até agora não sabemos quando vai ser a mudança”, criticou Janaína, moradora do bairro Boa Esperança. Na sua rua, muitas famílias já foram mudadas para o loteamento Jatobá, mas algumas ficaram para trás e se sentem inseguras.
O próprio gerente de realocação urbana da Norte Energia, Amauri Daros, reconheceu o atraso: “Nossa meta é mudar de 28 a 32 famílias por dia, mas até agora a média está sendo 15 por semana”, afirma. Segundo ele, há atraso na construção das casas, feitas por uma terceirizada, a Construtora Central do Brasil (CCB) e na instalação elétrica, que depende da Celpa.
Em reunião ocorrida na manhã dessa sexta-feira na Casa de Governo (4 de julho), os atingidos organizados no MAB, a Norte Energia e representante do Governo Federal se reuniram para que a empresa prestasse conta para os atingidos das mudanças realizadas. Essa reunião acontece quinzenalmente desde a Jornada de Lutas de Março, quando o Movimento começou a cobrar a agilidade da empresa na mudança das famílias. Naquele momento, a região Amazônica enfrentava um inverno rigoroso, o rio Xingu chegou a subir oito metros e mais de 1000 famílias ficaram desabrigadas por causa das enchentes.
“Temos medo de passar outro inverno nos baixões, até porque o comportamento do rio já está diferente com a barragem, que já está mais da metade concluída”, afirma Edizângela, militante do MAB. Além disso, nem todos os cadastrados terão direito a uma nova casa. A empresa realizou 7.790 cadastros, mas só está construindo 4.100 casas.
Outra preocupação diz respeito a muitas famílias nas áreas atingidas que não foram sequer cadastradas pela Norte Energia. A empresa está realizado “estudos de caso”, mas não admite abrir novos cadastros e quer apenas endereçar as famílias para programas habitacionais. “Isso nos preocupa porque muitas famílias que são de fato atingidas podem ficar para trás, sem seus direitos garantidos”, lembra Edizângela.