Por Ronildo Brito, Teixeira News
Após a morte violenta do quilombola Diogo de Oliveira Flozina, de 27 anos na época, esse que foi morto a tiros no interior de sua residência em 24 de junho de 2011, no povoado de Volta Miúda, interior de Caravelas, mais uma liderança negra acaba de ser executada, desta vez no município de Nova Viçosa.
Dias após a morte de Flozina, um adolescente de 15 anos que estaria na companhia da vítima, disse à polícia que três homens armados e a bordo de um Volkswagen, modelo Gol, cor branca, teriam invadido a casa do quilombola, que era casado e pai de 3 filhos, todos menores e executaram-no com dois tiros no abdômen, por ocasião que ele assistia TV no sofá da sala da sua casa. Até os dias atuais não se tem notícia sobre o esclarecimento do crime.
Desta feita a vítima foi Paulo Sérgio Santos, de 42 anos, abatido a tiros no Assentamento Quilombola Nelson Mandela, onde o mesmo era líder, que fica nas imediações do Povoado de Rio do Sul, interior de Nova Viçosa. Até agora o crime é um mistério e gerou estranheza o fato do delegado Samuel Martins, titular da Polícia Civil do município, não comparecer ao local do assassinato e sequer ter requerido a perícia de local. Sem levantamento cadavérico e perícia de local o corpo acabou sendo removido para o IML de Teixeira de Freitas por uma funerária. Essa medida é considerada uma ilegalidade e revoltou familiares da vítima e os demais assentados da área, que por sinal é alvo de batalha judicial entre os quilombolas e a Fibria.
O assentamento que era comandado pelo quilombola Paulo Sérgio Santos, de 42 anos, é uma gleba de demanda judicial, pois as terras, segundo os assentados, estão em poder da Fibria Celulose, apesar dos ocupantes dizerem que a área pertenceu aos seus ancestrais, tanto que possuiriam documentos da União que comprovariam a propriedade quilombola, inclusive com documento extraído do Diário Oficial Federal.
Diante do crime os demais assentados dizem que estão com medo e informaram que o quilombola morto participaria de uma reunião nesta segunda-feira (7), onde a propriedade das terras do assentamento seria mais uma vez discutida.
Até mesmo o número de disparos que atingiram o corpo da vítima não foi possível levantar, dada à ausência de perícia de local.
Apenas uma guarnição da Polícia Militar esteve no lugar e chegou a resguardar o corpo da vítima, mas como a perícia não foi solicitada, teve que deixar o assentamento para que a funerária fizesse o translado do corpo para o IML.
A motivação e autoria do crime são desconhecidas e é aguardado um pronunciamento do delegado Samuel Martins, titular de Nova Viçosa, quando o mesmo deve explicar os motivos da ausência da Polícia Civil no cenário de um crime com característica de execução.