Liderança rural do Maranhão é vítima de tentativa de homicídio

latifúndio mataRaimundo Rodrigues da Silva, conhecido como Brechó, foi alvejado com dois tiros nesta última sexta-feira (21). A vítima sofreu uma emboscada enquanto passava por uma estrada vicinal que liga a Comunidade Abundância ao município de Timbiras, no Maranhão. Após ser internado em hospital da cidade, o lavrador foi novamente vítima de outra tentativa de execução.

Diogo Cabral e CPT Nacional

O lavrador e liderança rural Raimundo Rodrigues da Silva, conhecido como Brechó, de 42 anos, foi alvejado com dois tiros de espingarda, sendo um nas costelas e o outro no braço, durante uma emboscada em uma estrada vicinal que liga o município Timbiras, no Leste do Maranhão, à área de conflito, Comunidade Abundância, onde o trabalhador reside. O caso correu nesta última sexta-feira (21), por volta das 9 horas da manhã. Raimundo foi operado no Hospital Municipal de Timbiras.

A CPT Coroatá foi informada do fato pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais em Agricultura Familiar (Sintraf) de Timbiras. Já no sábado (22), dois homens desconhecidos tentaram invadir a unidade de saúde com a intenção de executar Brechó. Com isso, o assessor jurídico da CPT-MA, Diogo Cabral, encaminhou ao ouvidor agrário nacional, desembargador Gercino Filho, informações sobre o caso e foi solicitada a presença de policiais para garantir a segurança do lavrador, além da inclusão dele no Programa de Defensores de Direitos Humanos.

No sábado, o estado de saúde de Raimundo estava gravíssimo, e ele seria submetido a uma nova cirurgia.

O conflito

O conflito agrário ocorre em uma área do território de 14.400 hectares. A comunidade Abundância tem mais de 200 anos de existência e está localizada dentro de um grande latifúndio improdutivo ocupado por 350 famílias, que vem lutando pelo reconhecimento da área há mais de 20 anos sem que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) conclua esse processo de desapropriação para fins de Reforma Agrária, legitimando o direito dos camponeses.

São várias denuncias que a CPT através dos camponeses vem relatando às autoridades há décadas, sem que haja uma solução definitiva que barre essa violência.  Esse agravamento com consequências desastrosas já era previsto. Há dias que Brechó vinha sendo ameaçado, registrando Boletim de Ocorrência sem que autoridades tomassem providencias. A casa dele já tinha sido cercada por pessoas desconhecidas, noites com pisoteio de gente no quintal, tudo isso só se agravando e nada disso foi tomado como preocupação.

As pessoas envolvidas no conflito são criadores de gado, aliados do latifúndio, que há anos causam prejuízo às famílias na destruição de suas roças, haja vista, que o gado é criado solto incentivado por proprietários amigos da família Alvin que controlou esse território por mais de 50 anos no estilo coronel. No intuito que o conflito se acirre e eles retomem o território que hoje é ocupado pelos posseiros.

É gravíssima a situação na região, é preciso uma intervenção dos órgãos públicos para que seja coibido qualquer tipo de violência contra as 19 famílias ameaçadas da referida comunidade.

A suspeita é que Júlio Nunes Aguiar, de 20 anos, residente na Comunidade Abundância, que teria alvejado Raimundo Rodrigues. A CPT informou e solicitou providências ao delegado de polícia civil agrário do Maranhão, Carlos Augusto Silva Coelho.

Contatos:
Diogo Cabral (CPT-MA) – 98 9615-2529
CPT Diocese de Coroatá – 99 3641-2940

Comments (1)

  1. Criou-se Ministérios para cuidar de peixes, mas não criou-se um Ministérios para proteger as pessoas deste RACISMO AMBIENTAL. Temos vários pontos do país com questões como está do Maranhão que se arrastam por longa data sem uma solução. Temos até uma BANCADA RURALISTA para defender os LATIFUNDIÁRIOS. Covardia destes coronéis feitos a facão atirar em pessoas inocentes que por anos lutam por um pedaço de terra. Temos um país, mas não temos uma pátria para nos orgulhar.

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