MT registra a maior apreensão de madeira ilegal da história do estado

Imagem: Jornal Hoje
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Árvores derrubadas de uma reserva indígena lotaram 160 carretas.  Ibama testa novo sistema de vigilância para fiscalizar a devastação da floresta.

Jonas Campos, Jornal Hoje

O Ibama encontrou mais de 1,8 mil toras de madeira nobres, escondidas em sítios e fazendas de Aripuanã, em Mato Grosso. A Câmera do JH registrou que a maior parte foi retirada de terras indígenas, que concentram as últimas florestas nativas da região.

Entre agosto de 2013 e agosto deste ano, o desmatamento na Amazônia aumentou 27,8%. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Mato Grosso foi o estado que registrou o maior crescimento: 52%.

As pilhas imensas revelam o tamanho da devastação: são toneladas de restos de madeira, que uma usina térmica usa como lenha, para gerar eletricidade. Todo dia, ela queima uma montanha de lixo industrial produzido pelas serrarias de Aripuanã, o maior pólo madeireiro de Mato Grosso.

No distrito de Conselvan, um assentamento encravado entre a reserva dos índios Araras e o território dos Cintas Largas, a situação é grave. No local, o Ibama acaba de fazer a maior apreensão deste ano no estado de Mato Grosso.

A fiscalização encontrou mais de 1,8 mil toras escondidas em sítios e fazendas. A maior parte das árvores foi derrubada em terras indígenas. Só para transportar a madeira desovada foram necessárias mais de 160 viagens de caminhão.

Com a falta de árvores, as serrarias avançam sobre as grandes reservas indígenas do estado. Em uma das madeireiras vistoriadas pelo Ibama, por exemplo, o proprietário tem documento para apenas dois metros cúbicos de saldo, porém o que os fiscais encontraram foram centenas de toras no pátio. Algumas já foram até beneficiadas e seriam vendidas para o Sul e Sudeste do país. Por falta de documentação, a empresa foi multada em R$ 63 mil.

“Essas madeiras, às vezes, são esquentadas até de forma duvidosa e fraudulenta, com os planos de manejo que existem no entorno da terra indígena”, afirma Antonio Carlos de Aquino, coordenador regional da Funai.

O problema, segundo a Funai, é que muitos proprietários que não têm mais floresta, vendem essas autorizações a donos de serrarias. É com essa documentação que eles legalizam as toras que retiram de terras indígenas.

A Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), que fornece as autorizações para corte de madeira, se defende. “Próximo de área indígena, a Sema notifica a Funai para dar uma certidão administrativa sobre essa questão. O plano de manejo é muito bem instruído. Agora, é impossível, às vezes, a gente conseguir impedir que todas as pessoas cometam crime ambiental”, diz o secretário do Meio Ambiente José Lacerda.

Para conter o desmatamento, o governo aposta principalmente no cadastro ambiental rural, que está em fase de testes. Por isso, investe pesado em tecnologia e análise de informação. As fotos de satélite só registravam clareiras com mais de 30 metros de diâmetro. Agora, elas detalham qualquer derrubada, com mais de cinco metros.

“São imagens de alta resolução que permitem que a gente veja um corte seletivo, permite que a gente veja o cidadão violando o embargo daquele desmatamento, botando boi. Então, na hora em que ele botar o boi, eu vou enxergar e vou apreender o boi dele. As imagens que o Governo Federal tem não vão permitir qualquer tipo de fraude”, garante Luciano Menezes Evaristo, diretor de proteção ambiental do Ibama.

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