Seminário na Unicamp discute ‘epidemia’ de remoções em Campinas

A notícia da remoção da comunidade Joana d'Arc levou à morte de um pedreiro: o ápice da pressão (Foto: Facebook Ocupação)
A notícia da remoção da comunidade Joana d’Arc levou à morte de um pedreiro: o ápice da pressão (Foto: Facebook Ocupação)

Segundo movimentos sociais, diversas comunidades já sofreram com reintegrações de posse neste ano; prefeitura chegou a criar comissão anti-invasão para prevenir novas ocupações

Por Redação RBA 

Movimentos sociais de Campinas acusam a gestão de Jonas Donizette (PSB), iniciada em janeiro, de promover uma perseguição a famílias que ocupam terrenos na cidade. Para eles, a atuação contra essas comunidades atingiu níveis alarmantes, com operações de reintegração de posse em cinco bairros. A administração municipal chegou a criar uma “comissão anti-invasão” com o objetivo de prevenir novas ocupações de áreas abandonadas.

Amanhã (12), às 14h, em Campinas, a Unicamp sediará o seminário “Despejos e Violações do Direito à Moradia em Campinas: Realidades e Alternativas”, promovido por iniciativa de movimentos sociais, pesquisadores e organizações da sociedade civil que pretendem debater a série de despejos e remoções forçadas de comunidades.

“A ideia é fazer um seminário-denúncia e também reunir mais dados sobre as ocupações e os processos de remoções”, diz Luciana Tatagiba, pesquisadora da Unicamp e coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Participação, Movimentos Sociais e Ação Coletiva (Nepac), em nota divulgada pela entidade. “Os relatos dão conta de que o número de ocupações de terrenos por pessoas sem alternativa de moradia aumentou muito do ano passado para cá.”

Segundo o Nepac, o quadro se agravou ainda mais no último dia 22, quando o pedreiro Manoel Braga dos Santos, de 48 anos, teve um mau súbito e morreu, depois de ser notificado de que sua comunidade teria um mês para abandonar a área. Manoel vivia na ocupação Joana D’Arc com outras 250 famílias, no bairro Cidade Jardim. Moradores denunciaram que a polícia militar, que acompanhou a notificação com cerca de dez viaturas, agiu de forma hostil e truculenta.

Os idealizadores do seminário também pensam em discutir propostas e saídas para a situação que Campinas se encontra. “Vamos debater o porquê da falta de diálogo do poder público com as comunidades e ainda pensar em estratégias coletivas para garantir o direito à moradia digna na cidade”, diz Carolina Ferro, secretária-executiva do Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos.

Serviço:

Seminário “Despejos e Violações do Direito à Moradia em Campinas: Realidades e Alternativas”
Auditório 2, IFCH (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas), Unicamp
Rua Cora Coralina, 100, Cidade Universitária Zeferino Vaz – Barão Geraldo – Campinas

Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.

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