No Pará, índios discutem estratégias de proteção em áreas ameaçadas

Foto: Vídeo G1 PA
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Região da bacia do rio Xingu está ameaçada pelo desmatamento. Índios, ribeirinhos, extrativistas e ambientalistas participaram do encontro.

Do G1 PA

Lideranças indígenas da bacia do rio Xingu estiveram reunidas neste fim de semana em Altamira, do sudoeste do Pará, para discutir estratégias de proteção para o corredor ecológico da região. A bacia é formada por terras indígenas e áreas de proteção ambiental que estariam ameaçadas pelo desmatamento e a construção de grandes projetos.

Cerca de 80 lideranças indígenas de 25 etnias do Pará e do Mato Grosso participaram do encontro, entre caciques, guerreiros Caiapó, ribeirinhos, extrativistas, ambientalistas e pesquisadores. De acordo com um dos organizadores do evento, Marcelo Salazar, a área em questão está sendo ameaçada.

“A finalidade desse evento é discutir o futuro das áreas protegidas do Xingu. A bacia do rio Xingu é uma área única com 28 milhões de hectares de áreas protegidas, então, mais de 50% da área da bacia está protegida e o futuro destas áreas está ameaçado e tem uma diversidade socioambiental a ser preservada”.

Segundo as lideranças dos povos do Xingu, estas áreas estariam sobre forte ameaça por causa do desmatamento indiscriminado e da construção de grandes obras, como hidrelétricas e rodovias, que podem causar grandes impactos as populações tradicionais, como afirma o presidente da Terra Indígena Xingu, Winti Kisêdjê.

“Está tendo muita ameaça hoje, muitos empreendimentos, principalmente na cabeceira do Xingu. Estão sendo construídas pequenas barragens de hidrelétrica e também chegando muito desmatamento para plantio de soja e construção de várias rodovias”, disse Kisêdjê.

Entre as lideranças que participaram do encontro estava o cacique Raoní, líder indígena internacional. Ele criticou os impactos ambientais que a usina de Belo Monte deverá ocasionar pelo barramento do Xingu às comunidades que vivem do rio.

O pesquisador, Philip Feanrside, chamou atenção dos participantes do evento para as mudanças climáticas que podem acontecer nos próximos anos, depois da construção de grandes obras na Amazônia. “No caso de Belo Monte em si, as pessoas que estão sendo expulsas pela obra, a população ribeirinha, também tem impactos na cidade de Altamira, que vai ter praticamente um quarto da cidade inundada, então tem que ter novas moradias, o que já está causando problemas sociais muito graves”.

Os indígenas também puderam visitar uma exposição fotográfica com uma mostra da cultura dos 25 povos do Xingu, desde o contato com o homem branco até os dias atuais.

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