Novas informações sobre as ameaças aos Retireiros do Araguaia, em Luciara, MT

Retiro queimado 1Tania Pacheco – Combate Racismo Ambiental

Através de Regina Silva, da UFMT, chegam novas notícias de  José Raimundo Ribeiro da Silva (Zeca Terra), sobre a luta dos Retireiros do Araguaia (ver MT – Ameaças contra retireiros do Araguaia e seus apoiadores aumentam cada vez mais na RDS Matinho Verde, em Luciara). Mantenho o estilo quase que telegráfico, nas frases curtas mas fortes, perfeitas para desenhar o cenário da luta que estamos acompanhando, para nós iniciada com o incêndio da primeira casa, no dia 18 de setembro.

O estado de barbárie em Luciara continua. Até quando meu Deus!?

O prefeito está fora do município de Luciara? A polícia não tem viatura, e nem sabemos se podemos confiar ou está conivente.

O presidente da Câmara Municipal e demais vereadores saem com os “contra a reserva” em passeata pela rua, festejando após um grandioso churrasco na barreira que fecha a estrada.

Uma mãe pede socorro a um polícia militar, e ele diz que eles [os ruralistas] têm mais poder do que os policiais.

O único vereador que não assinou o documento da Câmara contra a Reserva, Jossiney Kanela, foi barrado de entrar na cidade vindo de sua casa na chácara.

A bióloga Lidiane, irmã de Rubem,  líder dos Retireiros, recebe ameaça de ser queimada viva em cima da moto.

Há boatos de que vão expulsar a família Sales, a família do Rubem, de Luciara.

Na passeata, uma faixa  tem a mensagem: “Rubem e Zecão, diácono agente de Pastoral da Prelazia, mentem para o povo de Luciara”. Em outra, a seguinte frase: “A Prelazia é o câncer dos trabalhadores rurais do Araguaia.

O comércio três dias fechado. Boatos de que um braço do poder econômico não sei de onde está mandando dinheiro para sustentar esse estado de coisas.

A mãe do vereador Jossiney, com a casa queimada, pergunta: “Por que estamos abandonados? Fugi para o mato como se fosse bandida porquê?”.

É o não é um estado de barbárie?

Encerrando a mensagem, trecho famoso do poeta fluminense Eduardo Alves da Costa no poema “No caminho com Maiakóvski”, invariavelmente atribuído ao autor russo por ele homenageado, mas que são sugestivos quanto à situação que os Retireiros estão vivendo:

“Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. 
E não dizemos nada. 
Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão, 
e não dizemos nada. 
Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, 
rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. 
E já não podemos dizer nada”.

Apesar desse duro diagnóstico, Zeca e Rita assinam com a força d@s guerreir@s:
A  ESPERANÇA CONTINUA… E JAMAIS MORRERÁ
Um abraço!
RITA/ZECA

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