SP – Feliciano manda prender garotas que se beijaram durante culto evangélico realizado à beira mar

garotasfelicianoREGINALDO_PUPO292x280‘Essas duas precisam sair daqui algemadas’, disse o deputado; as jovens relataram terem sido agredidas pela Guarda Municipal

Reginaldo Pupo – Especial para O Estado de S. Paulo

O deputado e pastor Marco Feliciano (PSC-SP) mandou prender duas estudantes anteontem após elas terem se beijado durante culto evangélico ministrado pelo parlamentar na avenida da praia de São Sebastião, no litoral paulista. “Essas duas precisam sair daqui algemadas”, disse Feliciano, sob aplausos dos evangélicos, que assistiram à cena por meio de dois telões instalados no local.

Do palco, o deputado, que preside a Comissão de Direitos Humanos e Minorias na Câmara, pediu que os policiais prendessem o casal.

Joana Palhares, de 18 anos, e Yunka Mihura, de 20, foram detidas, algemadas por agentes da Guarda Civil Municipal e levadas ao 1.º Distrito Policial de São Sebastião. Joana disse ter sido agredida. O beijo, segundo elas, era uma forma de protesto contra a homofobia. “Eles (guardas) me jogaram na grade e depois nos levaram para debaixo do palco, onde fui agredida por três guardas. E ainda levei dois tapas na cara”, disse Joana.

Yunka disse não ter apanhado. “Me senti impotente enquanto a Joana apanhava e eu não podia fazer nada”. Ela reclamou que o mesmo não foi feito com casais heterossexuais que se beijaram durante a pregação.

Depois que elas foram levadas pela polícia, o deputado comparou as estudantes a um “cachorrinho”. “Ignorem, ignorem. Cachorrinho que está latindo é assim, você ignorou, ele para de latir”, disse aos fiéis.

Na delegacia, Joana passou por exame de corpo delito. Ela tinha hematomas nos braços e pernas. O advogado das estudantes, Daniel Galani, disse que vai formalizar denúncia contra Feliciano. “Foi uma afronta gravíssima aos direitos humanos e ao direito à livre expressão.” As estudantes fizeram boletim de ocorrência contra os guardas.

Lei. A Prefeitura de São Sebastião informou, por meio de nota, que a GCM agiu com base o artigo 208 do Código Penal. A lei prevê pena de detenção de um mês a um ano ou multa ao cidadão que zombar de alguém publicamente por motivo de crença ou função religiosa e impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso. A prefeitura afirmou que supostos abusos serão apurados pela corregedoria da GCM.

Estado tentou, sem sucesso, contato com o deputado. No Twitter, Feliciano escreveu que as estudantes estão se fazendo de vítimas. “Indivíduos invadem o culto, desrespeitam crianças, idosos, agridem as autoridades, chutam os policiais, e por fim dizem ser vítimas?” E completou: “Ou são loucos e necessitam de tratamento mental urgente, ou são baderneiros que querem 5 minutos de fama ou querem briga”.

Ele também postou mensagens em que transcreve artigo do Código Penal. “Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso: pena detenção, 1 mês a 1 ano ou multa.”

Confira a entrevista com as garotas

Por que o protesto?

Joana – Queríamos mostrar que ser homossexual é uma coisa normal. O próprio deputado incitou à violência, pois antes de ele se apresentar, a gente já havia se beijado normalmente durante os cultos.

Qual a reação dos seus pais?
Yunca – Meus pais não sabem ainda. Minha mãe está na Argentina e meu pai na França.
Joana – Meus pais aceitaram bem. Minha mãe postou mensagem nas redes sociais, endereçada ao Feliciano, dizendo que tem orgulho de mim.

Como vocês avaliam a ação da Guarda Municipal?
Yunca – Foi covarde. Primeiro, porque a guarda deveria dar o exemplo. Segundo, porque nos agrediram longe das câmeras e das pessoas, debaixo do palco. A Joana levou tapas na cara, jogaram-na no chão. Ela gritava por socorro. Na delegacia, os guardas civis ainda nos ameaçaram.

Que tipo de ameaça?
Yunca – Eles mandavam a gente calar a boca e diziam que iam colocar a gente na cadeia.

Vocês se arrependem?
Yunca – Não! Faríamos tudo novamente.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.

Comments (1)

  1. Olá amigos,
    Sou cristã evangélica por formação, mas há anos deixei de frequentar igrejas,justamente por não concordar com essas posturas separatistas, discriminatórias e reacionárias.
    Todas essas reações em forma de protestos, beijos em cultos etc. começaram a partir da perseguição evangélica aos gays.è inconcebível que um grupo imenso de evangélicosse prestem a esse pael, pois não dfoi para isso que fomos chamados. A bíblia éclaraao afirmar que “cada um dará conta de si mesmo a Deus”, então que tipo de postura é essa. Se devemos enquanto cidadãos cristãos que somos denunciar e repudiar algum pecado execrando o pecador, então nos manifestemos contra acorrupção na política em todas as esferas e principalmente no Congresso Federal que nos envergonha e humilha todos os dias. Os deputados, Senadores e Juízes corruptos fazem mal, agridem a dignidade humana e atingem toda a sociedade brasileira, os efeitos dos seus pecados dizem respeito a todos nós e nem por isso estou vendo os evangélicos indo às ruas em massa exigir vergonha na cara dos políticos. E por que será? talvez porque a maioria dos líderes evangélicos que estão em evidênciatenham o rabo preso com esse sistema nojento!Igrejas evangélicas! Deixem que as atitudes pessoais de cada indivíduo Deus julgue, e ocupem-se de ser o sal da terra, conservando-a pela pregação do amor de Deus!

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.