11 de setembro – Dia Nacional do Cerrado. Movimento Geraizeiro apresenta suas reivindicações aos governos federal, estadual e municipais

Neste momento centenas de famílias de Geraizeiros rumam para Vale das Cancelas para uma grande manifestação na BR 251 em Defesa dos Cerrados e de seus Povos. Viva o Cerrado e seus Povos!

cerrado vivo

Dia 11 de setembro foi escolhido para ser um dia de comemorarmos os Cerrados. Mas, temos muito pouco o que comemorar. Por isso estamos aqui, na Comunidade de Vale das Cancelas, município de Grão Mogol, às margens da BR 251.

Queremos lembrar a todos vocês que o CERRADO está em vias de extinção pela ganância do capital que avança sobre ele através de grandes projetos de monocultura, de barragens e, agora, com a mineração;

Queremos lembrar  a todos vocês que o CERRADO é o bioma que possui mais de um terço de toda diversidade de vida, de plantas e animais que temos no nosso país;

Queremos lembrar mais ainda: é do CERRADO que os principais rios de nosso país são formados. E que com a destruição do bioma, nossos rios, nascentes, olhos dágua, córregos e ribeirões estão acabando. Só aqui no Norte de Minas, 312 rios e córregos que até outro dia eram correntes, já estão completamente secos.

Queremos lembrar a vocês que se o CERRADO acabar, nós, GERAIZEIROS, acabamos também. Acabamos porque nós dependemos do cerrado para viver. Nós nos alimentamos de suas frutas, do pequi, do panan, da mangaba. Nós curamos muitas das doenças com as plantas do cerrado. É nele que vamos buscar lenha e madeira para cozinhar, fazer farinha, rapadura, e até a melhor cachaça que temos.

E nós sabemos que ninguém conhece mais o CERRADO que nós GERAIZEIROS. Conhecemos suas plantas, seus animais, o que se planta, como se planta. E se a gente acabar, todo este conhecimento vai acabar também.

E entre nós, geraizeiros, temos também muitas comunidades que são indígenas, como os Xakriabá, são também quilombolas, são também apanhadores de flor, são também veredeiros. Nós estamos acabando junto com o CERRADO,  com suas veredas, suas nascentes, suas águas.

Por isso estamos aqui, dizendo a todos vocês que estão recebendo esta carta, para se juntar a nós. Não vamos deixar o CERRADO acabar.

Por isso exigimos dos GOVERNOS:

– a imediata suspensão de todos os projetos de mineração e de barragem até que se faça a consulta, como afirma a CONVENÇÃO 169 da OIT que o Governo Brasileiro assinou.

– queremos que a CARPATHION pare suas obras de mineração, que o DNPM suspenda sua licença, até que todas as ilegalidades que ela está promovendo em Riacho dos Machados sejam apuradas: como a perfuração ilegal de poço artesiano; como a pesquisa de lavra em local que ela não tem licença. A barragem de rejeito que ela está construindo vai contaminar todas as nossas águas, inclusive a água da Barragem Bico da Pedra.

– queremos que a MIBA e a SAM, paralise suas pesquisas, que o DNPM cace suas licenças, até que o povo seja devidamente informado das consequências que os seus projetos vão causar nas nossas águas, nas nossas terras.

– a retirada imediata da PEC 43/2013 que o Governo de Minas Gerais encaminhou para a Assembléia Legislativa e que está correndo lá dentro, na surdina. O governo está querendo, com esta PEC, legalizar a grilagem que as firmas estão fazendo em cima de nosso território. E não vamos aceitar.

– queremos que o PAE VEREDAS VIVAS da comunidade de Vereda Funda seja imediatamente criado, com a publicação do decreto pelo INCRA.

– queremos que a RDS NASCENTES DOS GERAIS (MG) e a RDS TAMANDUÁ (MG) sejam imediatamente decretadas pelo ICMBio, juntamente com a criação das RESEX Contagem dos Buritis (Go/Ba), Resex Barra do Pacui (MG), Resex Sempre Viva (MG), e a Resex Curumatai (MG)

– queremos que o GT criado pelo ICMBio para rever os limites e a recategorização do PARNA SEMPRE VIVAS na região da Serra do Espinhaço em Diamantina seja uma determinação do Ministério do Meio Ambiente e que este GT acate as propostas da CODECEX.

– queremos que o IEF crie um grupo de trabalho com a nossa participação para revermos os limites do Parque Estadual de Grão Mogol e recategorizar parte dele como uma RDS para que nosso povo não seja expulso de lá.

– queremos que as terras das nascentes da comunidade de Sobrado sejam transformadas em uma unidade de conservação de uso sustentável no âmbito municipal.

– queremos que os territórios das comunidades tradicionais geraizeiras sejam reconhecidos, protegidos e demarcados. E que neles se crie Projetos de Assentamentos Agroextrativistas, como o de Vereda Funda.

– queremos que as terras da PLANTAR, da NORFLOR, da RIO RANCHO, da FLORESTAMINAS, da REPLASA, sejam devolvidas aos geraizeiros, seus legítimos donos.

– queremos que a Barragem de Berizal seja definitivamente suspensa e que se faça um amplo investimento na revitalização da bacia do Rio Pardo.

MOVIMENTO GERAIZEIRO, no dia 11 de setembro de 2013.

Com o apoio da ARTICULAÇÃO ROSALINO DE POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS

 dia de luta pelo cerrado

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