Três anos de impunidade do assassinato de José Valmeristo Soares no Pará

Da Página do MST

Há exatos três anos, o militante do MST José Valmeristo Soares, mais conhecido como Caribé, entrou para a lista das vítimas da violência no campo brasileiro. Somente no estado do Pará, 231 trabalhadores e trabalhadoras foram assassinados entre os anos de 1996 e 2010.

Dirigente do Acampamento Quintino Lira, em Santa Luzia do Pará, Caribé contribuía na ocupação da Fazenda Cambará, junto a 150 famílias. Na época ocupada há dois anos, os Sem Terra disputavam a posse da área com o Deputado Federal e Pastor Josué Bengstson (PTB).

Josué Bengstson responde por inúmeros processos de corrupção, sendo o mais conhecido sua participação na Máfia dos Sanguessugas, operação deflagrada pela Polícia Federal em 2006, quando deputados foram denunciados por desviarem recursos públicos destinados à compra de ambulâncias para os municípios.

Na manhã do dia 3 de setembro de 2010, Caribé e João Batista Galdino saíam do acampamento para o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa Luzia do Pará para prestarem depoimento à Polícia Militar sobre o despejo ilegal que estavam para sofrer.

No meio do caminho foram seqüestrados e colocados em uma caminhonete por três jagunços da Fazenda Cambará, todos funcionários de Marcos Bengstson, gerente da fazenda e filho do Deputado Federal Josué Bengstson.

No meio de uma estrada, pararam para assassinar os dois trabalhadores. João Batista conseguira fugir para o mato, quando escutou vários disparos. Horas depois, Caribé foi encontrado morto com quatro tiros no corpo.

A polícia do Pará conseguiu prender os três assassinos e o suposto mandante Marcos Bengstson. Ficaram presos por cerca de 40 dias, mas conseguiram a liberação por ordem judicial e aguardam a conclusão do processo em liberdade.

Os Sem Terra continuam lutando até os dias de hoje pela criação do Assentamento Quintino Lira na Fazenda Cambará. Trata-se de uma gleba federal com quase sete mil hectares de terra pública griladas.

Lutam, também, para que se faça justiça pelo assassinato de José Valmeristo, o Caribé, que deixou cinco filhos que ainda não contam com assistência do Estado.

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