Mãe Menininha do Gantois (Maria Conceição Nazaré)

Escolástica Maria da Conceição Nazaré foi o nome de batismo de Mãe Meninha do Gantois. Neta de escravos, ela nasceu em 10 de fevereiro de 1894, na cidade de Salvador. O Terreiro do Gantois foi fundado por sua bisavó, Maria Júlia da Conceição Nazaré, em 1849. O popular nome do terreiro veio do francês (belga?) que era proprietário do terreno onde o templo foi construído.

Mãe Menininha foi iniciada nos rituais pela tia Pulquéria, sua antecessora. Quando assumiu a liderança do terreiro, escolhida pelos orixás, ainda não tinha 30 anos completos e, inicialmente, sua juventude não foi bem vista pelos adeptos mais antigos. Porém, com sua doçura, carisma e diplomacia, Mãe Menininha mudou esta situação. Nos mais de 60 anos em que liderou o Terreiro do Gantois, como relações públicas de sua religião, sempre se mostrou disponível para explicar o candomblé a quem se interessasse. Além disso, sempre teve um ótimo relacionamento com governantes, artistas e intelectuais e também conquistou o respeito de líderes de outros terreiros e até de sacerdotes católicos.

Como ialorixá, ela enfrentou o preconceito que a sociedade tinha em relação aos adeptos do candomblé. Não havia liberdade de culto e os terreiros eram freqüentemente invadidos pela polícia, sofrendo muitas perseguições e violência. Na década de 30, a Lei de Jogos e Costumes era mais tolerante ao candomblé, mas ainda assim as festas só podiam ser realizadas em determinados horários e mediante autorização por escrito. A situação só mudaria em 1976, quando o então governador da Bahia, Roberto Santos, sancionou um decreto liberando as casas de candomblé da obtenção de licença e do pagamento de taxas à delegacia de Jogos e Costumes.

Mãe Menininha do Gantois foi a ialorixá mais famosa do país. Sob seu comando, o Terreiro do Gantois logo se tornou um dos mais procurados e respeitados da Bahia. Para muitos pesquisadores, a popularidade e o reconhecimento que Mãe Menininha alcançou foram de fundamental importância para aumentar a aceitação do candomblé na sociedade.Casou-se com o advogado Álvaro McDowell de Oliveira, descendente de ingleses, e com ele teve duas filhas, Carmem e Cleusa, que a sucedeu no terreiro.

Mãe Menininha recebeu muitos títulos, homenagens e medalhas. Uma das que mais gostava era a dos Filhos de Gandhy, que a nomearam madrinha do afoxé. Em 1972, Dorival Caymmi compôs a famosa música Oração a Mãe Menininha, que trazia os versos: “A beleza do mundo, hein? Tá no Gantois./ E a mão da doçura, hein? Tá no Gantois./ O consolo da gente, ai. Tá no Gantois…/ Ai, minha mãe. Minha Mãe Menininha”.

Além dele, Jorge Amado, Antônio Carlos Magalhães, Vinícius de Moraes, Maria Bethânia e Caetano Veloso eram algumas das inúmeras personalidades que se aconselhavam com Mãe Menininha. Em 1994, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos lançou um selo comemorativo para marcar o centenário de seu nascimento.

Mãe Menininha morreu em 13 de agosto de 1986, aos 92 anos, na cidade de Salvador.

Enviada por José Carlos para Combate ao Racismo Ambiental.

Comments (1)

  1. O Pastor Marcos Feliciano mais uma vez ofendeu as religiões Afro-brasileiras,sobretudo o Candomblé,quando em um vídeo postado no Youtube insinua que Mãe Menininha do Gantois,símbolo máximo da religião no país é o Diabo.Acho que já é chegado o momento das lideranças das religiões Afro-brasileiras tomarem uma posição mais dura em relação a esses frequentes ataques.Convoquem seus advogados e façam esse senhor responder por suas ofensas.Segue abaixo o link com o vídeo.
    http://youtu.be/Zla1R6gDCtE

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