Marcelo Barth, pioneiro da organização camponesa durante a ditadura militar, morre em Curitiba

Faleceu no dia 27 de dezembro, aos 68 anos, Marcelo Barth, um dos fundadores do MST no Paraná e antigo membro da Coordenação da CPT no Estado. Ele morreu em Campina Grande do Sul, região metropolitana de Curitiba (PR), em decorrência de um câncer.

Nascido em 1944 em Itapiranga-SC, mudou-se em 1964 com o irmão Justino para uma área de mata perto do Rio Paraná, onde mais tarde surgiria a vila de Itacorá, em São Miguel do Oeste-PR, hoje totalmente coberta pelas águas de Itaipu.

Em 1980 despontou como um dos principais líderes do Movimento Justiça e Terra, que reunia os atingidos pela hidrelétrica de Itaipu na luta pela garantia do direito à terra. Lutou ao lado de lideranças como Silvênio Kolling (da família que ficou conhecida por ter sua história contada pelo Documentário “Desapropriados”, de Fredrico Fullgraff) e do Pastor Werner Fuchs (que apoiava a luta dos atingidos e fazia parte da Coordenação da CPT-Paraná).

Um dos embriões do MST surge em 1981 dentre os atingidos por Itaipu conhecido como Mastro – Movimento dos Sem Terra do Oeste do Paraná.

Depois da luta dos atingidos de Itaipu Marcelo Barth seguiu para Santa Catarina, depois viveu em um assentamento em Lucas do Rio Verde, e retornou para Santa Isabel do Oeste-PR, onde, além de agricultor, atuava na equipe da CPT e acompanhava os movimentos sociais como os atingidos da hidroelétrica de Salto Caxias.

No início dos anos 90 retornou para Lucas do Rio Verde-MT, região atualmente conhecida em âmbito nacional pela contaminação por agrotóxico usado na pulverização aérea da soja. Vivia ali com com sua família, chegando a liderar uma grande ocupação de terras com mais de mil famílias, que atualmente formou o município de Itanhangá-MT.

Durante quatro anos foi presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Lucas do Rio Verde e apoiou a luta pela reforma agrária na região, onde foram criados vários assentamentos de trabalhadores rurais, muitos deles graças à corajosa atuação de Marcelo, inclusive perante o INCRA em Brasília.

Em 1967, casou-se com Deolinda, e o casal teve 7 filhos.

* Com informações de Darci Frigo

http://www.cptnacional.org.br/index.php/noticias/13-geral/1398-marcelo-barth-pioneiro-da-organizacao-camponesa-durante-a-ditadura-militar-morre-em-curitiba

Comments (4)

  1. obrigado pela lembrança que me trazem estas reflexões…. como um dos filhos honro-me por ter presenciado a vérias destas lutas… e me envergonho por outro lado de que elas tiveram que existir. Conheci Frigo quando criança. Me dá um nó na garganta ao escrever estas linhas, pois somente quem vivenciou sabe o quanto foi crucial as ações do “Seu Marcelo” nos Fronts das lutas populares pela terra além do caso Itaipú. Eis algumas: Mangueirinha(PR), Nova Prata do Iguaçú-PR, Itanahngá-MT, Boa Esperança_MT, Gleba Trêscinco- Tapurah-MT, Ribeirão Grande-Nova Mutum-MT, Santa Luzia-Tapurah-MT,etc, que não me lembro no momento outras que assim como em São Miguel do Iguaçú-PR, também foram marcadas por sua presença…

  2. conheci o sr. Marcelo Barth em 1997 aqui em lucas do rio verde,
    ele já defendia a class trabalhadora rural, deu a vida por esses povos, sempre a frente com lanças e espadas nas mãos,(sem intenção de ferir ninguém) sempre acreditando nos seu objetivos e sempre pronto para ajudar seus irmãos e companheiros deu a vida por essas pessoas, ele se foi mais deixou seu exemplo para nós…
    obrigado sr. Marcelo Barth…..
    c

  3. Bravo lider camponês das lutas fundacionais do MST na década de 80, esteve na linha de frente do movimento pela terra em SC e PR, demanda que veio com a segunda “grande modernidade” da região: a hidrelétrica de Itaipú. A primeira “grande modernidade”, todos sabem, foi a estrada de ferro que invadiu a região do Contestado e junto com ela a instalação da maior serraria da América latina em Três Barras-SC no inicio do século XX, desencadeando o histórico dos graves conflitos pela terra nessa região.

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