Triste Brasil: adolescentes e jovens são as principais vítimas de homicídios no país

Historicamente, os adolescentes e jovens tem sido as vítimas preferenciais dos homicídios no Brasil. Prova disso são as recentes pesquisas voltadas para o tema da letalidade cujos resultados apontam que enquanto os homicídios no conjunto da população brasileira diminuem, no grupo específico dos adolescentes há uma inversão dessa tendência. Esse não é um quadro novo. O aumento da letalidade nos últimos 30 anos tem afetado particularmente a adolescência e a juventude e, em especial, jovens negros do sexo masculino moradores de espaços populares.

O Índice de Homicídios na Adolescência (IHA) estima o risco de mortalidade por homicídio na adolescência nos próximos anos, procurando ainda, dessa forma, sensibilizar a gestão pública para a questão. Nessa perspectiva, podemos dizer que a divulgação anual do IHA tem contribuído para pautar o tema na agenda pública. A partir do debate sobre os dados do Índice, diversos gestores locais têm reconhecido a gravidade do problema e manifestado o desejo de reverter esse quadro. Nesse sentido, os resultados da pesquisa sobre políticas preventivas desenvolvidas nas 16 regiões metropolitanas de abrangência do PRVL e o Guia Municipal de Prevenção à Violência Letal contra Adolescentes e Jovens tem sido ferramentas importantes para a qualificação e o fortalecimento de iniciativas locais de prevenção.

Além disso, a análise dos riscos relativos traz novas e relevantes contribuições para o debate público e a compreensão aprofundada do tema. Uma das informações mais importantes diz respeito ao risco três vezes maior de um adolescente negro ser morto por homicídio, demonstrando que o racismo é um elemento estruturante da concentração das mortes na juventude negra. A ele se somam vulnerabilidades relacionadas a gênero, local de moradia, presença de arma de fogo, entre outros.

Desse modo, sobre o ponto das políticas, com a sensibilização da agenda pública e a construção de um panorama nacional e de um prognóstico acerca do problema da letalidade, os dados do IHA indicam veementemente a urgência de uma mobilização política em torno do tema. Somado a isso, a análise de riscos relativos e outros recortes e análises possibilitados pelo IHA apontam para a importância de políticas intersetoriais e da articulação institucional de diferentes atores para o enfrentamento do problema.

Problema esse que, de modo geral, ainda não é devidamente priorizado na agenda pública com a importância que merece.

http://www.observatoriodefavelas.org.br/observatoriodefavelas/noticias/mostraNoticia.php?id_content=1276

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.