Nilcilene Miguel de Lima e Alexandre Anderson: dois brasileiros na Maratona de Cartas da Anistia

Em Maratona de Cartas da Anistia Internacional defenderá seis casos, de 7 a 16 de dezembro. Dois são do Brasil, falamos de três das cinco pessoas e sobre a comunidade escolhidas pela Anistia Internacional para serem defendidas na Maratona de Cartas deste anos. Deixamos de lado as duas que são do Brasil: Nilcilene Miguel de Lima e Alexandre Anderson.   

Nilcilene Miguel de Lima é a presidente de uma associação que representa 800 famílias de uma comunidade de pequenos produtores e extrativistas em Lábrea, no sudeste do estado do Amazonas. Sua casa foi incendiada e ela foi ameaçada, espancada e forçada a fugir de sua terra por ter se manifestado contra a exploração ilegal de madeira. A comunidade de Nilcilene vive do cultivo de subsistência (mandioca, banana, dentre outros) e do agroextrativismo (frutas, castanhas, seringueiras).

As pequenas comunidades que vivem do extrativismo em reservas legalmente reconhecidas no sul do município de Lábrea têm estado na mira de madeireiros e grileiros. Os líderes dessas comunidades têm sido vítimas de espancamentos, ameaças, ataques incendiários e roubo de propriedade, na tentativa de forçá-los a sair de suas terras. Muitos fugiram da região temendo por suas vidas.

As ameaças contra Nilcilene tiveram início em 2009, quando ela começou a se manifestar contra a chegada de madeireiros ilegais. Segundo a comunidade, pistoleiros contratados pelos madeireiros perseguem e expulsam pequenos produtores e intimidam qualquer um que se atreva a questionar suas ações. Os que resistem enfrentam violência. Ao menos seis trabalhadores rurais foram assassinados na região desde 2007.

Depois de ter sido espancada em maio e junho de 2010, Nilcilene fugiu após ser novamente ameaçada por um pistoleiro. Ao retornar, encontrou sua casa incendiada e a plantação destruída. Parentes de Nilcilene também foram intimidados e vários fugiram. Desde outubro de 2011, Nilcilene está sob proteção providenciada pelas autoridades federais.

Mas as ameaças continuam. No início de abril de 2012, ela foi novamente forçada a sair de Lábrea, com a ajuda do governo federal, após evidências de que havia um plano para matá-la em uma emboscada. Atualmente, Nilcilene está morando fora da região em uma situação precária, dependendo de recursos do programa nacional, mas quer voltar para sua terra no sul de Lábrea.

Alexandre Anderson

Alexandre Anderson de Souza é pescador e presidente da Associação Homens e Mulheres do Mar – AHOMAR. Ele e sua esposa, Daize Menezes de Souza, têm recebido ameaças constantes devido ao seu trabalho em defesa da pesca artesanal na Baía de Guanabara. A mobilização dos pescadores em defesa da Baía de Guanabara e da pesca artesanal resultou em ameaças constantes às lideranças e aos membros da AHOMAR.

As ameaças estão relacionadas às denúncias apresentadas pelos pescadores sobre o impacto social e ambiental da instalação de um complexo petroquímico na região. Já são quatro pescadores mortos. Em 22 de maio de 2009, o tesoureiro da AHOMAR, Paulo César dos Santos, foi espancado e assassinado com um tiro na cabeça diante de sua esposa e filhos.

No ano seguinte, Márcio Amaro, membro fundador da associação, também foi morto a tiros em sua casa. Até hoje, nenhum desses dois casos foi solucionado. Em 2012, mais dois pescadores foram mortos. Em junho, os corpos de Almir Nogueira de Amorim e João Luiz Telles Penetra, pescadores e membros ativos da AHOMAR, foram encontrados na Baía de Guanabara.

As investigações preliminares da divisão de homicídios da Polícia Civil indicam que ambos foram amarrados antes de serem afogados. Alexandre Anderson afirma ter sobrevivido a seis atentados contra a sua vida nos últimos três anos e tem recebido ameaças constantes. Em agosto de 2009, Alexandre e sua esposa foram incluídos no programa federal de proteção a defensores de direitos humanos.

Entretanto, a proteção foi apenas parcialmente implementada. Em várias ocasiões, Alexandre Anderson queixou-se formalmente às autoridades denunciando que os agentes designados possuíam pouca formação e não estavam adequadamente equipados, e que alguns deles trabalharam anteriormente como guardas de segurança no oleoduto e estiveram envolvidos em confrontos com membros da AHOMAR. Alexandre, Daize e os pescadores da AHOMAR estão em situação de risco e não estão recebendo a proteção adequada.

Veja mais informações sobre como ajudar em:
http://aescuritiba.ligahumanista.org.br/2012/12/maratona-de-cartas-nilcilene-miguel-de.html
http://aescuritiba.ligahumanista.org.br/2012/12/maratonadecartas-alexandre-anderson_2.html

Comments (6)

  1. Este é brasil!! ouvimos a semana toda debates, discurçoes sobre, pastor Silas e Marilia gabriela e este um assunto seríssimo, passe em branco pelo povo que adora um movimento, não que o assunto deles não mereceu debate, mas este tbm o merece e ninguém esta comentando, pelo menos não estou lendo nada como o outro citado

  2. Exelente trabalho de divulgação,não conhecia o trabalho de vcs.
    Sou gestor ambiental,RJ. Certamente farei maior divulgação em minhas oficinas e apoio sua luta!

  3. Muito Obrigada, Paulo. É isso que precisamos: que as denúncias se multipliquem, e as pessoas se indignem, até que esse quadro mude!

  4. Muito bom o trabalho de vocês. Parabéns. Contem comigo para repercutir. Moro em Guarujá (SP). Sou jornalista sindical, mas muito preocupado com as causas ambientais e seus defensores.

  5. Porque esse assunto nao e debatido nas redes de televisao. Ninguem se propos a fazer uma denuncia e seguir os passsos dos responsaveis. Logicamente os responsaveis recebem cobertura do governo e dos orgaos IBAMA, IDEMA, etc… Impossivel que eles nao saibam que esta ocorrendo tudo isso.

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