Maratona de Cartas da Anistia Internacional defenderá seis casos, de 7 a 16 de dezembro. Dois são do Brasil

Os seis casos escolhidos para a campanha deste ano são do Brasil, da Nigéria, China, Egito e Estados Unidos (este último na verdade de um prisioneiro de Guantânamo). 

A Maratona de Cartas é o maior evento de Direitos Humanos do mudo e este ano acontecerá de 7 a 16 de Dezembro. A Anistia Internacional promove maratona de cartas para pressionar governos em casos de violações de direitos humanos. Os eventos acontecerão no Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba e logo estaremos informando datas e horários mais exatos. Se você não estiver nestas cidades, terá oportunidade de participar fazendo o download de material online ou assinando petições eletrônicas. Iremos colocar instruções aqui e nos nossos canais nas redes sociais.

Durante estes dias milhares de pessoas espalhadas pelo mundo terão a oportunidade de escrever cartas em defesa de indivíduos e comunidades em risco. O objetivo é chamar a atenção para estes casos, o que poderá resultar numa melhoria das condições dos indivíduos e comunidades visadas.

Em 2010, foram aproximadamente 636.000 cartas em mais de 50 países. Em 2011, passamos de 1 milhão de cartas e ações em 78 países. Este ano contamos com a sua ajuda para ultrapassar este número. Quantas mais cartas forem enviadas, maiores serão as possibilidades da melhoria das condições dos 6 casos que este ano iremos defender. Escreva por Direitos. Tome uma atitude que transforma.

Quem são as pessoas a serem defendidas este ano?

1. EUA – Hussain Salem Mohammed Almerfedi está detido na base naval dos Estados Unidos em Guantánamo, Cuba, desde 2003. Ele nunca foi acusado de qualquer crime nem foi levado a julgamento pelas autoridades estadunidenses. Em 2010, um juiz federal dos EUA considerou que sua detenção era ilegal e ordenou que ele fosse libertado. Porém, o Tribunal de Recursos revogou a decisão do juiz e a Suprema Corte recusou-se a apreciar o caso. Hussain Almerfedi é natural do Iêmen. Ele foi preso no Irã, em 2001, e entregue às autoridades estadunidenses no Afeganistão. Ele afirma ter deixado o Iêmen em busca de uma vida melhor na Europa, e nega as acusações de que teria ajudado combatentes estrangeiros a infiltrarem-se no Afeganistão a partir do Irã.

2. Egito – Azza Hilal Ahmad Suleiman, de 49 anos, está lutando por justiça depois de ser atacada por soldados do exército egípcio. A brutal agressão provocou fraturas em seu crânio e ela agora apresenta problemas de memória. No dia 17 de dezembro de 2011, Azza Hilal Ahmad Suleiman participava com um amigo de uma grande manifestação próxima à Praça Tahrir. Os soldados atacaram os manifestantes, que tiveram de fugir. Quando Azza Hilal Ahmad Suleiman deixava o local, ela avistou um grupo de soldados que espancava e despia uma jovem. Junto com seu amigo e outros manifestantes, ela tentou tirar a jovem dali.

Os soldados derrubaram Azza Hilal Ahmad Suleiman no chão e um oficial do exército deu um tiro no joelho de seu amigo. Eles então a espancaram severamente e continuaram a agredi-la mesmo depois de ela perder a consciência. O incidente foi gravado em vídeo e postado na internet por ativistas que estavam no local.

Quando acordou, Azza Hilal Ahmad Suleiman estava no hospital sendo tratada pelas fraturas que sofreu no crânio. O sangramento era tanto que os lençóis de sua cama tinham que ser trocados a toda hora. Embora ela tenha apresentado uma denúncia formal, as autoridades egípcias não responsabilizaram ninguém pelo ataque, nem lhe ofereceram qualquer tipo de reparação, como indenização ou reabilitação, a fim de ajudá-la a se recuperar.

3. China – Gao Zhisheng é um dos mais respeitados advogados de direitos humanos da China. Em dezembro de 2006, ele foi sentenciadoa uma pena de três anos de prisão, suspensa por cinco anos, por “incitar a subversão”. Apesar de terem permitido que ele voltasse para casa, ele foi mantido, ilegalmente, em prisão domiciliar junto com sua esposa e seus filhos.

Ele foi torturado e humilhado. Em 2009, sua família teve que fugir da China devido às constantes intimidações que sofriam. No dia 4 de fevereiro de 2009, após ser levado de sua residência pela polícia, Gao Zhisheng desapareceu. Mais de um ano depois, no final de março de 2010, ele reapareceu e concedeu uma entrevista descrevendo as agruras por que passou, inclusive novas torturas. Ele contou que, em uma ocasião, foi espancado tão brutalmente que “por 48 horas, minha vida esteve por um fio”. Em abril de 2010, poucos dias depois da entrevista, ele desapareceu novamente.

Vinte meses mais tarde, em dezembro de 2011, os meios de comunicação estatais anunciaram que ele havia sido preso por violar as condições de sua sentença condicional. A notícia surpreendeu sua família, que sequer sabia se ele estava vivo ou morto. Atualmente, Gao Zhisheng encontra-se preso na penitenciária da comarca de Shaya, no noroeste da China.

4. Nigéria – Há muitos séculos, os habitantes da região de Bodo, no Delta do Níger, sobrevivem da pesca e da agricultura. Porém, esse modo de vida tranquilo foi subitamente abalado no dia 28 de agosto de 2008, quando o vazamento em um duto da Shell despejou milhares de barris de petróleo dentro do riacho que cruza a região. Não tardou para que a poluição do petróleo atingisse as terras e água em torno de Bodo.

O vazamento prosseguiu até 7 de novembro. Em dezembro de 2008, teve início um segundo vazamento que se prolongou por 10 semanas. Ambos os vazamentos foram causados por falhas nos equipamentos.O petróleo destruiu as fontes de subsistência e devastou o meio ambiente. Os peixes do riacho morreram ou fugiram da poluição.

Não houve qualquer limpeza adequada do local; a terra e a água continuam poluídas e improdutivas. O prejuízo causado à pesca e à agricultura provocou a falta de alimentos e o aumento de preços na região de Bodo.

Um terceiro vazamento, ocorrido em junho de 2012, acentuou o temor de que os dutos da Shell estejam velhos e propensos a vazar. Por causa dos vazamentos, muitos habitantes de Bodo tiveram sua situação de pobreza ainda mais agravada. Ao mesmo tempo, a contaminação do solo, da água e do ar põe em risco a saúde da população.

5. Brasil – Alexandre Aderson e Nilcilene Miguel. Ver Nilcilene Miguel de Lima e Alexandre Anderson: dois brasileiros na Maratona de Cartas da Anistia.


Dados enviados por Ana Julita para Combate ao Racismo Ambiental.

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