Campanha mobiliza população indígena pela erradicação do subregistro de nascimento

Campanha de Mobilização Nacional pela Certidão de Nascimento e Documentação Básica é relançada com foco na população indígena

Município de São Gabriel da Cachoeira foi escolhido por possuir a maior população indígena do Brasil e por ter uma taxa alta de subregistros de nascimentos

Foi lançada na quarta-feira (20), no município de São Gabriel da Cachoeira, no estado do Amazonas, a Campanha de Mobilização Nacional pela Certidão de Nascimento e Documentação Básica, que tem como meta para o estado, com foco nas comunidades indígenas, chegar a 5% de erradicação do subregistro de nascimento até 2014.

Com mais de 90% da população constituídos por índios de 23 etnias, o município foi escolhido por possuir a maior população indígena do Brasil – 29 mil índios – e por ter uma taxa alta de sub-registros de nascimentos, calculada em 32%. O lançamento teve a participação da ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, e foi realizado na maloca – construção tradicional, coberta de palha – da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn).

Durante a solenidade a ministra Maria do Rosário, que foi a responsável por fazer a entrega simbólica da primeira documentação básica a famílias indígenas, afirmou que a ação é uma prioridade para a garantia dos direitos destes povos. “Muitas pessoas, principalmente as indígenas, não têm o documento. Sem ele, fica mais difícil garantir direitos como a matrícula escolar, o Bolsa Família, as vacinas”, explicou. A expectativa, de acordo com a Secretaria de Estado de Assistência Social do Amazonas, é atender a mil famílias até o dia 18 de dezembro.

A ministra pediu apoio da comunidade indígena local para a divulgação do mutirão de registro civil para as pessoas que ainda não o possuem. “É fundamental que todos saibam que agora a etnia indígena pode ser colocada no registro, juntamente com o nome da pessoa, questão que é muito importante para acabar com o temor de perda da identidade indígena”, explicou.

O evento também marcou o lançamento do Mutirão de Registro Civil e Documentação Básica para os moradores das terras indígenas do Alto Rio Negro, que também vai se estender até o dia 18 de dezembro nas comunidades indígenas de Pari-Cachoeira e Maturacá. No mesmo período, além do Alto Rio Negro, a ação será promovida nos municípios de Atalaia do Norte, Boca do Acre, Envira, Rio Preto da Eva, Novo Airão, Iranduba, Presidente Figueiredo, Manacapuru, Guajará, Ipixuna, Pauiní, Tonantins, Manaus e na comunidade de Santo Antônio do Matupi, em Manicoré.

A expectativa é atender a, cerca de, cinco mil pessoas durante o mutirão. “Desde 2009, nós estamos fazendo uma cruzada para alcançar todos os municípios e comunidades distantes das sedes. Para tanto, vamos utilizar barcos para chegar nessas comunidades para levar o registro civil e outros serviços”, disse a secretária de Assistência Social do Amazonas, Graça Prola.

Dados

Dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Economia e Estatística (IBGE) indicam que é menor a proporção de registro civil de nascimento para a população indígena em relação às demais categorias de cor ou raça. Enquanto brancos, pretos, amarelos e pardos tiveram percentuais iguais ou superiores a 98%, a proporção entre os indígenas foi 67,8%.

O Censo de 2010 aponta ainda que o índice de sub-registro é bem maior nas regiões Norte e Nordeste. De acordo com o levantamento, cerca de 600 mil crianças brasileiras com até um ano não estão registradas. Dessas, 182.610 estão na região Norte e 200.384 na região Nordeste.

Registro civil

O registro civil de nascimento gratuito é um direito garantido a todo brasileiro pela Lei 6.015/1973. O documento é necessário para que o cidadão tenha acesso às políticas e aos serviços públicos e, sem ele, as crianças ficam privadas de seus direitos fundamentais, como matrícula em escola e acesso a benefícios sociais. Sem registro, os adultos não podem obter a carteira de identidade, CPF e outros documentos.

O Brasil firmou compromisso com as Nações Unidas de reduzir, até 2012, o sub-registro a 5% de crianças com até um ano de idade. Atualmente a média nacional é 6,6%. “Sabemos que ainda temos uma longa jornada para vencer o subregistro, mas a nossa determinação é enorme”, disse a ministra Maria do Rosário.

Exploração sexual

A ministra se encontrou com representantes do governo do estado, conselhos tutelares, do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, da Federação das Organizações Indígenas do Alto do Rio Negro, da Fundação Nacional do Índio (Funai) e povos indígenas para tratar de denúncias de exploração sexual de crianças e adolescentes na região amazônica.

“Nós estamos implantando em São Gabriel um programa de articulação em rede para o combate à exploração sexual de crianças e adolescentes. O importante pra nós é o alerta às famílias, escolas, prefeitura e aos assistentes sociais, para construirmos uma rede trabalhando de forma integrada”, explicou Maria do Rosário.

http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2012/11/22/campanha-mobiliza-populacao-indigena-pela-erradicacao-do-subregistro-de-nascimento

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