RJ – “13% de moradores de favelas estão nas classes A e B”

Vista da favela da Rocinha, no Rio; 13% de moradores de favelas são das classes A e B, mostra levantamento. Foto: Felipe Dana/Associated Press

Claudia Rolli, de São Paulo

Os moradores das mil principais favelas da região metropolitana do Rio de Janeiro formam juntos uma população que equivale à nona maior cidade do Brasil. São 1,7 milhão de pessoas, responsáveis por movimentar R$ 13 bilhões – considerados produtos e serviços consumidos, além de crédito disponível. Desse total, 66% pertencem à nova classe média. Na alta renda estão 13% dos moradores dessas comunidades – em 2001, eles representavam 1%.

“São pequenos comerciantes que se tornaram empreendedores e mantêm negócios na comunidade”, diz Renato Meirelles, sócio-diretor do instituto Data Popular, que fez o estudo em parceria com a Central Única das Favelas (Cufa) e a rádio Beat98, patrocinadora do projeto. “Antes não tinham renda para consumir e agora consomem produtos e serviços na comunidade em que moram”, afirma.

A definição das faixas de renda do estudo seguem os critérios estabelecidos pela SAE ( Secretaria de Assuntos Estratégicos) da Presidência da República.

Pertencem à classe média famílias com renda per capita de R$ 291 a R$ 1.019. Essa classe foi dividida em três subgrupos: a baixa classe média (renda per capita de R$ 291 a R$ 441), a média (de R$ R$ 441 a R$ 641 por pessoa) e a alta classe média (de R$ 641 a R$ 1.019).

Famílias com renda per capita acima de R$ 1.019 estão na chamada alta renda — ou classes A e B. As com renda per capita inferior a R$ 291 estão na baixa renda — antigas classes D e E.

MERCADO POUCO EXPLORADO

O que mais chamou a atenção de pesquisadores e envolvidos no projeto foi o potencial de consumo das pessoas que moram nas favelas do Grande Rio.

“Poucas empresas ainda enxergam esse mercado consumidor”, afirma Celso Athayde, secretário-geral da Cufa. “Temos iniciativas isoladas de algumas instituições financeiras e do varejo que já se instalaram em algumas comunidades”, afirma. “Há uma grande parte dos moradores, que ascendem, melhoram sua condição, compram outros imóveis, montam negócios e querem permanecer nas comunidades.”

Bradesco, Caixa, Itaú e Santander são algumas das instituições com agências bancárias em favelas do Rio e de São Paulo. Decidiram seguir exemplo de redes de varejo como Casas Bahia e Magazine Luíza, que perceberam a necessidade de estar mais perto dos consumidores.

“Com a pesquisa, podemos informar ao mercado quem é esse público. Essa pesquisa foca os aspectos sociais e hábitos de consumo dos jovens moradores de comunidade. É um recorte dentro desse universo. E nossa intenção é pesquisar um novo aspecto das comunidades a cada ano”, afirmaz Eva Kaufman, gerente de Marketing do Sistema Globo de Rádio, do qual a rádio Beat 98, patrocinadora da pesquisa, faz parte.

Para Athayde, da central, os dados devem contribuir para definir políticas públicas – sociais e econômicas – mais adequadas e eficazes a esses moradores.

“Temos um grupo, a liga de empreendedores comunitários, por ezxemplo, que envolvem negócios de 180 favelas do Grande Rio. A ideia é criar pontes entre diferentes marcas e instituições e as comunidades, pacificadas ou não, e dar condição para a implementar projetos necessários ao desenvolvimento desses territórios e oferecer perspectivas melhores aos seus moradores”, diz Athayde. “Iniciativas como essas podem ser melhor exploradas.”

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1157655-13-de-moradores-de-favelas-estao-nas-classes-a-e-b.shtml. Enviada por José Carlos para Combate ao Racismo Ambiental.

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