Cinema brasileiro sofre processo de “embranquecimento”, explica cineasta

Correção enviada pelo ator Paulo Silvino (a quem agradecemos), relativa à legenda atribuída pela Agência Câmara à foto ao lado (que retiramos dado o equívoco ao qual induz): “A foto  retrata a Atriz Ruth de Souza em ‘A Cabana do Pai Tomás’, novela na qual o ator que está ao seu lado, Sergio Cardoso, foi pintado de preto para interpretar, apesar de protestos de atores negros como Milton Gonçalves, Zózimo Bulbul, Antonio Pitanga, entre outros. Tal imposição foi da empresa multinacional que patrocinava a novela: Colgate Palmolive”. TP.

Produção cultural nega diversidade racial do Brasil, diz cineasta Joel Zito, que reclamou ainda da ausência de políticas públicas para fomentar a imagem justa e equilibrada da população

Agência Câmara

Em debate realizado pela Comissão de Educação e Cultura sobre incentivo à cultura negra, nesta terça-feira (21), o cineasta Joel Zito Araújo afirmou que a atual produção cultural do País nega a diversidade racial brasileira. Segundo ele, há um “embranquecimento” das telas do cinema e da TV.

Essa realidade foi mostrada em dois trabalhos de Araújo: no documentário “A Negação do Brasil” e no livro “O Negro na TV pública”. Pesquisas citadas por ele mostram a baixa representatividade de negros na TV e no cinema e revelam que 90% dos personagens negros são subalternos.

O cineasta reclamou ainda da ausência de políticas públicas para fomentar a imagem justa e equilibrada da população. Ele defendeu a reserva de cota, nos editais de patrocínio cultural de estatais, para projetos apresentados por negros.

A ausência no debate da ministra da Cultura, Anna de Holanda, foi lamentada pela makota (auxiliar direta da mãe de santo ou sacerdotisa) do terreiro de candomblé Tanuri Junsara, em Salvador, Valdina Oliveira Pinto. Em tom de desabafo, ela afirmou que atualmente muitos não negros têm editais aprovados para promover a arte negra.

“Temos que ser o sujeito e não o objeto dessas ações, para evitar estereótipos e a perpetuação do racismo”, disse Valdina. “Chega de Pierre Vergers e Carybés da vida”, completou, em referência ao fotógrafo francês e ao pintor argentino – dois artistas brancos que retrataram a cultura baiana.

Cinema brasileiro sofre processo de “embranquecimento”, explica cineasta

Comments (4)

  1. O texto acima relata uma realidade antiga: a presença negra nas midias brasileiras é exigua e não corresponde, definitivamente,à proporcionalidade dessapopulação no país! Me lembro da novela citada e, que na época, gerou um desconforto muito grande aos negros mais conscientes(movimentos, então ainda eram incipientes!)! Agora discordo quando citam Verger e Carybé, como se fossem elementos nocivos à trajetória da conscientização dos negros brasileiros!!!

  2. Há uma informação que não condiz à imagem. A foto acima retrata a Atriz Ruthe de Souza que contracenou em: A Cabana do Pai Tomás, novela na qual o ator que está ao seu lado, Sergio Cardoso foi pintado de preto para interpretar. Apesar de protestos de atores negros como, Miltom Gonçalves, Zózimo Bulbul, Antonio Pitanga entre outros. Tal imposição foi da empresa multinacional que patrocinava à novela ( Colgate Palmolive.

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