Ministério Público apresenta denúncia de sequestro de bancário em 1971

A denúncia pesa contra o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, comandante do DOI-Codi, de 1970 a 1974, e contra o delegado da Polícia Civil de São Paulo Dirceu Gravina

Por: João Peres, Rede Brasil Atual

São Paulo – O Ministério Público Federal apresentou denúncia hoje (24) à Justiça Federal em São Paulo contra o coronel reformado, comandante do DOI-Codi, de 1970 a 1974, Carlos Alberto Brilhante Ustra, e contra o delegado da Polícia Civil de São Paulo Dirceu Gravina, ainda na ativa, pelo sequestro do bancário Aluízio Palhano Pedreira Ferreira, em maio de 1971. Se condenados, eles podem receber pena de dois a oito anos de prisão.

Aluízio, nascido em setembro de 1922 em Pirajuí, no interior de São Paulo, aos 21 anos ingressou no Banco do Brasil. Era advogado formado pela Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense e por duas vezes presidiu o Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro. Também presidiu a Confederação Nacional dos Trabalhadores dos Estabelecimentos de Crédito (Contec) e foi vice-presidente do antigo Comando Geral dos Trabalhadores (CGT).

Com o golpe de 1964, Aluízio teve os direitos políticos cassados e passou a ser procurado pelos militares. Em maio daquele ano, ele se refugiou na embaixada do México e depois seguiu para Cuba, onde se exilou. Voltou ao Brasil no final de 1970, clandestinamente, e falou com seus familiares pela última vez em abril de 1971, aos 49 anos.

Segundo o Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro, em 1976 circularam os primeiros boatos da morte de Aluízio, que teriam sido confirmados em 1978 por carta de Altino Dantas Junior, seu companheiro de prisão, encaminhada ao general Rodrigo Otavio Jordão Ramos, ministro do Superior Tribunal Militar, denunciando o assassinato do militante nas dependências do DOI-Codi da rua Tutoia, em São Paulo, na madrugada de 21 de maio de 1971. Segundo esse relato, Aluízio esteve prisioneiro durante 11 dias, sofrendo as piores torturas.

O preso político Nelson Rodrigues Filho também denunciou que esteve no DOI-Codi do Rio com Aluízio. De acordo com o Tortura Nunca Mais, apesar dos testemunhos, os órgãos de segurança não reconheceram até agora a prisão e a morte de Aluízio. Os relatos dão conta que ele foi morto aos 21 de maio de 1971. Segundo o grupo, o nome do sindicalista foi encontrado em 1991, no arquivo do Dops do Paraná, numa gaveta com a identificação “falecidos”.

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