Haitianos são recrutados de Manaus para trabalharem no sul e sudeste do Brasil

Haitianos enxergam no Brasil possibilidades de emprego após terremoto de 2010

Por Daiane Souza

Centenas de haitianos, que viveram os últimos anos em Manaus, estão sendo recrutados para trabalharem no sul e sudeste do Brasil. O Haiti passa por uma fase de tensões políticas e de extrema pobreza, sequelas de um terremoto sofrido em 2010, que justifica a imigração. Agora, a preocupação do governo brasileiro é que os haitianos que chegaram ao país tenham empregos dignos com salário, auxílio-transporte e alojamento.

Segundo informações da Secretaria Regional de Trabalho e Emprego do Amazonas (SRTE-AM), os recrutamentos são feitos por empresários que visitaram a capital amazonense. Denílson Chagas, superintendente do SRTE-AM, afirma que existe responsabilidade no sentido de preservação da dignidade dos operários, evitando que estes sejam expostos a condições análogas à escravidão.

Para Eloi Ferreira de Araujo, presidente da Fundação Cultural Palmares, a iniciativa do governo brasileiro é nobre. “Demonstra o cuidado que o nosso Estado tem em relação a garantia dos direitos humanos”, pontua. “Precisamos ser solidários aos haitianos com quem temos boas relações marcadas pela política, por cooperações e por semelhanças históricas e até mesmo culturais”, reforça lembrando a raiz africana.

Segurança – Os selecionados trabalharão em setores da construção civil, mineração, petróleo e gás, além de outras áreas. As empresas responsáveis pelos recrutamentos tiveram que assinar termos de compromissos na SRTE-AM, a fim de que seja garantida a segurança dos haitianos no transporte de Manaus até as cidades onde irão trabalhar e nos serviços que irão desempenhar.

A Igreja Católica e a Secretaria contabilizaram a saída de 200 haitianos para os estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina. Outros homens foram recrutados para o estado do Tocantins. “Quando há o registro legal de saída, podemos assegurar transporte e emprego dignos, já que as empresas interessadas são sérias e tiveram a aprovação do Ministério do Trabalho”, ressalta o superintendente Chagas.

“Porém sabemos que o número de recrutados é maior que o registrado. Muitos deixam a cidade sem informar o poder público”, preocupa-se. De acordo com o superintendente, quando não há o cadastro aumenta-se o risco de que os trabalhadores sejam levados para ambientes insalubres e até sob regime de semi-escravidão.

Direitos humanos – Só em 2011, o Ministério da Justiça (MJ) registrou a entrada de cerca de quatro mil haitianos no Brasil. Destes, pelo menos 1,6 mil chegaram ilegalmente ao país. Para regularizar a situação dessas pessoas, a fim de que elas não sejam consideradas refugiadas, o Estado brasileiro realizou a emissão de vistos humanitários, documento que lhes permite as oportunidades de estudo e trabalho.

Já nos primeiros dias do mês de março, os haitianos residentes em Manaus foram cadastrados no Sistema Único de Saúde (SUS). A medida das Secretarias Estadual de Saúde do Amazonas (Susam) e Municipal de Saúde de Manaus (Semsa) teve por objetivo levantar o perfil de saúde desse público além de garantir-lhes o acesso aos serviços oferecidos pela rede pública.

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