Nota do MASTRO e do CAA-NM sobre a situação dos Geraizeiros do Alto Rio Pardo e a ação da família Meneghetti

O MASTRO – Movimento Articulado dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais Organizados do Alto Rio Pardo e o CAA-NM (Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas) denunciaram na tarde de ontem (21) a situação de extrema violência que estão expostas  as comunidades rurais geraizeiras dos municípios de Fruta de Leite, Novorizonte e Rio Pardo de Minas, região Norte do Estado de Minas Gerais. Segundo relatos dos agricultores e ocorrência policial lavrada, eles estão sendo perseguidos pela família italiana Meneghetti, de empresários famosos no ramo de deslitaria e outros, além de terem sido agredidos por jagunços a mando da mesma. Até o momento, encontra-se desaparecido o senhor Gerino Alves da Costa, da  comunidade São Miguel, que estava num grupo que foi vítima de disparos dos jagunços da empresa, no dia 20 de dezembro. Neste dia, 60 geraizeiros sofreram atendado, quando uma parati com jagunços da empresa atiraram contra eles. Cinco lideranças estão sendo ameaçadas de morte pela família Meneghetti.

Além da violência contra os geraizeiros, a família iniciou  um processo de grilagem de vastas extensões de  terras públicas nos Municípios de Fruta de Leite, Novorizonte e Rio Pardo de Minas, região Norte do Estado de Minas Gerais. Para colocar em prática o esquema fraudulento de grilagem, o Sr. José Edineo Meneghetti, comprou cerca de 100 glebas de terras com área máxima de 10 ha, e após estratégia, iniciou o registro irregular destas em cartório.

Eliseu José de Oliveira, da coordenação do MASTRO, reafirma que estas denúncias já foram apresentadas em vários momentos públicos, para várias autoridades, inclusive na ultima audiência realizada na Comissão Parlamentar de Minas e Energia, da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais, que aconteceu no dia 02 de dezembro destes ano, em Taiobeira. “O Estado quase sempre chega depois que o povo foi agredido, que teve o seu direito violado. Pedimos que o Estado cumpra o seu papel, antes que aconteça algo mais sério na nossa região”, reforça.

O caso já é do conhecimento do Procurador de Justiça Estadual Afonso Henrique de Miranda Teixeira do  CAO – Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Conflitos Agrários do Estado de Minas Gerais. O Procurador já acionou a Vara de Conflitos Agrários e a Delegacia local para tomar as devidas proviências.

Para maiores informações, André Alves de Souza – 9931-9387 e 3222-6937.

Veja a nota completa abaixo:

FAMÍLIA MENEGHETTI GRILA TERRAS PÚBLICAS E  ATERRORIZA GERAIZEIROS DA REGIÃO DO ALTO RIO PARDO

No ano de 2007, a família Meneghetti,  proprietária da empresa DESTILARIA MENEGHETTI LTDA, com sede na cidade de São João do Paraíso, representada pelo Sr. José Edineo Meneghetti, iniciou  um processo de grilagem de vastas extensões de  terras públicas nos Municípios de Fruta de Leite, Novorizonte e Rio Pardo de Minas, região Norte do Estado de Minas Gerais. Para colocar em prática o esquema fraudulento de grilagem, o Sr. José Edineo Meneghetti, comprou cerca de 100 glebas de terras com área máxima de 10 ha. Depois de formalizados os registros destas aquisições,  requereu a retificação de todas as glebas junto ao Cartório de Registro de Imóveis de Salinas/MG. Assim, áreas de 03 hectares transformaram-se em 200 hectares; áreas de 05 foram transformadas em 400 ha; áreas 10 transformaram-se em 900 hectares e assim por diante. Segundo levantamento feito por lideranças geraizeiras,  nesse esquema fraudulento,  já foram realizados 95 registros e todos estes registros foram retificados, tendo sido grilados cerca de16.000 hectares de terras públicas.

Para realizar a retificação das áreas, a Família Meneghetti, com o apoio de alguns membros da Polícia de Meio ambiente e do ex-prefeito municipal de Novorizonte,  procurou os confinantes das respectivas áreas e os convenceram a assinar Termo de Anuência, ao argumento de que se tratava de um “abaixo assinado” para proibir o plantio de eucalipto naquela região. Por possuir baixíssimo grau de escolaridade e pelo fato de os Meneghetti virem acompanhados de “autoridade”  policial, as famílias assinaram os documentos sem conhecer o conteúdo.

Depois de feitas as retificações fraudulentas em que se formalizou a grilagem de cerca de 16.000 hectares, os “Meneghetti” começaram a aterrorizar centenas de famílias geraizeiras das comunidades de Cabeceira do Macaúbas, Lagoinha, Mumbuca, São Miguel, Martinópolis, Campo Verde, Cutica, Caixão, Cabeceira da Barra, Ribeirão, Jundiá e Vereda Funda. Desde o início deste ano, os Meneghetti,  de posse dos titulos fraudulentos, com maquinário pesado e escoltados por milícia armada, formada por ex-policiais militares,  começaram  a invadir as comunidades e aterrorizar seus moradores. Como em cenas de filme sobre a máfia italiana, os Meneghetti derrubaram casas, destruíram cercas, abriram carreadores, derrubaram matas, inclusive nas nascentes que abastecem as comunidades. Nem mesmo uma área de quase cinco mil hectares pertencente ao Governo Federal escapou à sanha criminosa da “Famiglia” de italianos. Há cerca de 20 dias, os Meneguetti invadiram comunidade de Vereda Funda, onde está sendo implantando, pelo INCRA, um projeto de Assentamento Agroextrativista e destruíram quase três quilômetros de cerca de arame, causando à comunidade um prejuízo de cerca de dez mil reais.

Por último, dia 20 de dezembro, a organização criminosa, escoltada por quatro jagunços armados e portando maquinário pesado, invadiu a Fazenda São Miguel. Quando ficaram sabendo da invasão, cerca de 60 geraizeiros se mobilizaram e foram até o local onde as máquinas estavam em plena atividade. Quando as lideranças se aproximaram do operador da patrol para pedi-lo que interrompesse os trabalhos, os pistoleiros que se encontravam em uma parati preta, começaram a atirar em direção dos trabalhadores que, desesperados, buscaram refúgio na mata. Ocorre que o Sr. Gerino Alves da Costa, um morador da comunidade São Miguel, que estava junto do grupo no momento dos disparos, encontra-se desaparecido. As lideranças registraramm o fato na Delegacia da Polícia Civil de Salinas e os policiais civis se comprometeram em realizar as buscas. Mas até o momento, o Sr. Gerino continua desparecido. A esposa, Dona Clemência Barbosa, e filhos, desesperados,  procuram seu paradeiro. Os Geraizeiros, indigandos apelam às autoridades para por fim ao terror e à bandidagem promovidos pelos Meneghetti que estão agindo impunemente na região do Alto Rio Pardo.

Há que se ressaltar, ainda, que, segundo a própria vítima, D. Clemência, em seu relato perante à Autoridade Policial (civil): “Na data de ontem (21), por volta das 15:00 hs., a polícia militar foi até sua residência procurar pelo senhor Gerino Alves, dizendo: “nós estamos cassando homem para matar”, fato também presenciado pela testemunha Renilsa Alves da Costa e Rosa dos Santos, residentes no povoado de Entroncamento. Na ocasião, os policiais adentraram e reviraram toda a casa, porém não o encontrando o mencionado.”

Na mesma oportunidade, também foi registrado Boletim de Ocorrência pelo fato de também estarem sendo ameaçados pelos Meneghetti e pela própria Polícia Militar, as lideranças Orlando dos Santos, João Pereira Nunes, Wilson Ferreira dos Santos e Gilvan Gonçalves de Almeida.

Assinam:
MASTRO
Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas

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