Missionários combonianos lançam cartilha para reforçar luta contra racismo

No Ano Internacional dos Povos Afro-descendentes, escolhido pela Organização das Nações Unidas (ONU), e no mês da Consciência Negra, a luta contra o racismo ganha mais um reforço – a cartilha Brasil Negro – Pílulas de aprofundamento para enfrentar o racismo no Brasil, recém-lançada pelo Missionários Combonianos no Brasil Nordeste.

Em formato digital, com linguagem e diagramação leves, a produção de 19 páginas é fruto das reflexões do grupo Ecoos sobre as temáticas História do racismo no Brasil; casos de racismo; reflexão sócio-antropológica sobre a prática do racismo; legislação e dados sobre a questão racial; racismo na dimensão religiosa; o povo negro e a Bíblia; a beleza afro amada por Deus; e próximos passos para a luta contra o preconceito.

De acordo com o padre Arturo Bonandi, coordenador do Centro de Pastoral Afro “pe. Heitor Frisotti” (Cenpah), com sede em Salvador (BA), o trabalho teve início ainda em junho e os textos foram construídos individualmente, porém a partir de contribuições e debates coletivos.

“A ideia da cartilha surgiu com o ano da ONU e da nossa orientação, como província, de ter como eixo principal Justiça e Paz. Além das atividades que já desenvolvemos e de uma carta que lançamos no início do ano, sentimos a necessidade de tratar o tema, de muita importância, mas que ainda não é bastante debatido no Brasil”, declara pe. Arturo.

Ele avalia que, atualmente, o grande problema enfrentado pela população negra no Brasil é a invisibilidade. “Na política, na mídia e na representação, o negro não aparece. E não aparecer significa que, em questões concretas, é como se o problema do racismo, a realidade, não existisse”, assinala.

Adverte que o problema está entranhado na sociedade brasileira, preconceituosa não apenas com a cor da pele, mas também com as expressões características da cultura afrodescendente. “Há um racismo latente. O negro é discriminado em todos os espaços, são reações quase automáticas na sociedade brasileira”, afirma.

A Igreja, com forte tradição europeia, acaba por se constituir em um desses espaços. “A Igreja adota um rigor Pré-Vaticano II, em que o que está certo são antigas maneiras de celebrar, ligadas à Europa. Os negros têm que deixar a negritude de fora e se adaptar ao estilo imposto há séculos no Brasil e isso é a negação de uma realidade, já que a maioria dos católicos no Brasil é negra, segundo censo”, enfatiza.

Nesse sentido, a cartilha é uma aposta de que encarar o assunto racismo é a melhor saída. “A gente tem que tratar desse tema. O Brasil é institucionalmente racista, há diferença de tratamento entre o descendente europeu e o africano”, disse.

Entre as maneiras de reverter a situação, pe. Arturo aponta formação nas escolas, respeitando-se a lei 10.639/2003, que estabelece que toda a Educação Básica brasileira, na rede pública e privada, deve abordar a história e cultura africana e afro-brasileira.

“Os meios de comunicação também têm que abrir espaço para as expressões culturais e o Governo precisa editar Políticas Públicas para diminuir distâncias históricas na Educação, Saúde e Trabalho”, complementa.

Para ler ou baixar a cartilha, clique no seu nome: Brasil Negro – Pílulas de aprofundamento para enfrentar o racismo no Brasil.

http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=62266

Comments (2)

  1. No fim da matéria há um link para baixar a cartilha, Geralda. Mas não temos informações quanto a como comprá-la. Aliás, espero que você tenha visto também, na coluna da esquerda do Blog, a ilustração que funciona também como link para a cartilha do GT Combate. Penso que ela também deva te interessar.

  2. COMO adquirir,pois trabalho com uma comunidade quilombola e seria otimo poder trabalhara cartilha cm eles.ecom os indígenas daqui.
    Geralda

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