UH de Teles Pires: Funai libera obra de usina, apesar de ‘falhas’

A Funai (Fundação Nacional do Índio) deu sinal verde para as obras da usina hidrelétrica de Teles Pires, na divisa entre Pará e Mato Grosso, mesmo após identificar falhas no licenciamento. A reportagem é de Felipe Luchete e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 09-09-2011.

Técnicos da própria Funai apontaram descumprimento de condicionantes por parte do consórcio construtor, que apresentou estudo sem “isenção científica”.

O cumprimento integral de 15 condições ligadas a áreas indígenas era obrigatório, mas pelo menos oito não foram realizadas, segundo documento da Coordenação de Licenciamento Ambiental ao qual a Folha teve acesso.

Em ofício apresentado ao Ibama em dezembro, quando a usina conseguiu a licença prévia, a Funai disse que elas não poderiam “ser postergadas para outras fases do licenciamento”.

Apesar disso, a fundação manifestou em agosto parecer favorável ao andamento do processo. A licença de instalação, que autoriza o canteiro de obras, foi emitida peloIbama em 19 de agosto.

A usina é a principal entre as seis que o governo federal planeja construir no rio Teles Pires, na transição entre a Amazônia e o Cerrado.

O custo previsto é de R$ 2,4 bilhões, com potência instalada de 1.820 MW. A obra é tocada por consórcio formado por Neoenergia, Furnas, Eletrosul e Odebrecht.

Segundo o parecer da Funai, a consultoria contratada pelo consórcio “esqueceu” de analisar a importância de uma área considerada sagrada para alguns povos, que será alagada. E ainda subdimensionou alguns impactos, como aumento da população.

A usina de Belo Monte, no Pará, também não cumpriu todas as condicionantes antes de começar as obras. Para o Ibama, porém, isso não seria necessário.

Órgão afirma que “mantém sua posição”

A Funai (Fundação Nacional do Índio) afirma que o parecer da Coordenação de Licenciamento Ambiental foi considerado e que as condicionantes indígenas deTeles Pires deverão ser atendidas.

O órgão declarou por e-mail que o cumprimento integral deve ser efetivado “ao longo de todo o processo de licenciamento”.

Questionada pela Folha sobre a mudança de orientação – ofício datado de dezembro afirmava que as condicionantes não poderiam ser adiadas -, a Funai afirma que “mantém sua posição”.

Para a fundação, “o momento de emissão da licença” é avaliado pelo Ibama, órgão licenciador. Este afirmou que concedeu a licença de instalação porque teve parecer favorável da Funai.

O gerente ambiental da usina, Paulo Rogério Novais, afirmou que as condicionantes serão cumpridas.

http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=47201

Comments (1)

  1. Se uma pessoa vai ser operada e o médico começa a mesma sem estar com as pinças para estancar o sangue, pensando que ao longo da cirurgia as mesmas aparecerão, està sujeito o paciente morrer antes destes aparelhos aperecerem… Quais os niveis de risco desta atitude? Como podem ser avaliadas areas sagradas em um determinado local se estas areas podem, e normalmente estao, estar ligadas, na dinamica mitológica, com outras areas nao assinaladas?

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