Carta aberta à sociedade sobre a Ocupação na Secretaria de Estado do Ambiente pela comunidade de Santa Cruz/RJ

Esta madrugada, dois moradores de Santa Cruz permaneceram acampados em frente à Secretaria, representando  o coletivo. Esta manhã, o Conselho Distrital de Saúde estará discutindo,  a partir das 9 horas, em Santa Cruz a questão da TKCSA. Estarão presentes também representantes da Fiocruz, do Inea, e da Secretaria de Saúde. Depois da reunião, um grupo expressivo de moradores deverá voltar para o acampamento. É esperada também a presença de movimentos sociais e entidades de apoio. No local, já há faixas, livros e panfletos informativos, além de um abaixo-asssinado. Abaixo, a Carta Aberta dos moradores de Santa Cruz. TP.

 

“Não há utopia verdadeira fora da tensão entre a denúncia de um presente tornando-se cada vez mais intolerável e o anúncio de um futuro a ser criado, construído, política, estética e eticamente por nós, mulheres e homens”. Paulo Freire

Por que estamos acampados?

Nós, representantes de moradores, pescadores, trabalhadores, militantes políticos e acadêmicos, ocupamos pacificamente a frente da Secretaria de Estado do Ambiente (SEA) e do Instituto Estadual do Ambiente (INEA) com intuito de cobrar respostas ao secretário Carlos Minc com relação à situação da comunidade de Santa Cruz, que sofre com a imposição de um projeto danoso e que vem provocando impactos sérios e irreversíveis à saúde dos atingidos, que é a Thyssen Krupp Companhia Siderúrgica do Atlântico (TKCSA). A maneira pela qual a TKCSA foi imposta e executada exclui das decisões a maioria das pessoas afetadas, como a comunidade do entorno da siderúrgica, que sofre com a poluição diariamente.

Esse movimento repudia a liberação do altoforno 2 e a concessão da licença de operação mediante a realização de “projetos sociais”. As “chuvas de prata” não são “acidentes” consecutivos, mas constantes, e pioram durante a noite, principalmente após a instalação do altoforno 2. Repudiamos também a irresponsável sinalização e forte tendência para a liberação do altoforno 3 que duplicará a produtividade mesmo diante de tantos acidentes e irregularidades por parte da empresa, e diante de sérios e destrutivos impactos na saúde e na vida das pessoas. Essa é mais uma decisão tratorado pelo governo do estado caracterizando uma ação arbitrária.

Por último, repudiamos a falta de compromisso com as instituições, com as comunidades, com os pescadores, com os trabalhadores, e com as próprias leis do Estado Democrático de Direito, por parte do senhor Carlos Minc ao não comparecer pela terceira vez em Audiência Pública na Alerj convocada pela Comissão Especial que investiga o caso TKCSA. Além de denunciar, exigimos a presença do secretário na próxima Audiência quarta-feira (31/08) para que se justifique diante do povo. Reafirmamos que também é de responsabilidade desta secretaria a manutenção da integridade e segurança dos acampados, para que suas mãos não se tornem mais manchadas de sangue, como já se encontram pelos danos a vida e a saúde dos moradores e trabalhadores de Santa Cruz.

Somos um movimento autogerido, prezamos pelo diálogo horizontal para construir uma política que contemple toda a comunidade de Santa Cruz e fluminense de maneira irrestrita, pensando uma sociedade democrática sem a atual política de desenvolvimento (in)sustentável. Não sairemos até que nossas exigências sejam atendidas. Solicitamos a participação de toda a comunidade civil e acadêmica para manter a ocupação, o diálogo horizontal e democrático, bem como a paralisação imediata de atividades que causem risco ao meio ambiente e a saúde, até que um verdadeiro diálogo com a comunidade seja aberto, através de uma assembléia comunitária em Santa Cruz.

O que queremos?

1 – Impedir que a TKCSA ganhe a licença definitiva de operação enquanto seus impactos sociais e ambientais não forem devidamente mensurados e minimizados. Exigimos compensação integral a todos os moradores, moradoras e pescadores!

2 – Exigir que o Secretário de Ambiente do estado, Sr. Carlos Minc, atenda à convocação das autoridades da Alerj, comparecendo às audiências da Comissão Especial. Exigimos que o Sr. Minc vá a Santa Cruz ouvir e dar respostas concretas aos moradores e pescadores que estão sofrendo com o funcionamento da empresa!

Rio de Janeiro, 26 de agosto de 2011, quinta-feira.

Enviada por Mônica Lima.

Comments (1)

  1. O ato e aluta de voces é muito válida, digna e necessária. A população do Rio de Janeiro e a população brasileira como um todo apoia essa luta! Noa desistam, não recuem. Isso depende de nós!

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