Não à Belo Monte: mais de 1500 pessoas no ato em Belém

“Governo Dilma, mas que vergonha, constrói Belo Monte e destrói a Amazônia!” eram algumas das palavras de ordem que soavam nas ruas da cidade

Por Samira Rodrigues/Otávio Rodrigues

Manifestantes contrários à construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, na Volta Grande do Rio Xingu, sudoeste paraense, saíram às ruas de Belém ontem (20/08), em protesto contra a decisão do governo brasileiro. A cidade amanheceu com cartazes alusivos à campanha “Pare Belo Monte!”, promovida pelo Comitê Metropolitano Xingu Vivo Para Sempre, em diversos pontos das principais avenidas.

O ato teve início por volta das 9 da manhã, na Praça da República, e seguiu até a pedra do peixe no Ver-o-Peso, considerada a maior feira livre da América Latina, às margens da Baía do Guajará.

Muitos manifestantes saíram com os rostos pintados e vestidos com indumentárias indígenas para lembrar a resistência dos povos da região. “Não, não, não. Belo Monte não!”, “Governo Dilma, mas que vergonha, constrói Belo Monte e destrói a Amazônia!” eram algumas das palavras de ordem que soavam nas ruas da cidade, cantadas por mais de 1500 pessoas aproximadamente, enquanto caminhavam e angariavam apoio entre populares da capital paraense.

Os manifestantes estendiam as palmas das mãos para frente e repetiam a frase “Pare Belo Monte!”, gesto que foi sendo copiado e virou o símbolo do ato realizado em Belém.

Às margens da Baia do Guajará, os manifestantes simularam um grande abraço. “Este é um abraço que estamos dando no Rio Xingu e nos rios da Amazônia. É um abraço pela vida e um compromisso incondicional com a luta dos povos da floresta” bradava a voz que saía de um carro som.

O governo vai ter que ouvir

A manifestação de Belém aconteceu em sintonia com outras realizadas pelo Brasil e por vários continentes. Para o economista Dion Monteiro e membro do Comitê Metropolitano Xingu Vivo Para Sempre, este ato foi uma demonstração pública de indignação e repúdio em escala mundial contra esta mega ação destruidora, planejada pelo governo da presidenta Dilma Rousseff (PT), “No mundo todo, as pessoas e as organizações estão unidas contra este projeto de destruição e morte que é Belo Monte. O governo vai ter que ouvir a população da Amazônia e a população do mundo todo dizendo Pare Belo Monte!”.

Para o arquiteto e professor Edmilson Rodrigues, deputado estadual do Pará, Belo Monte é um ameaça para a conservação da sociobiodiversidade da Amazônia, “É bonito ver a humanidade, é bonito ver os lutadores do povo no mundo inteiro, em todos os países, dizendo não a Belo Monte, dizendo não aos grandes projetos que alavancam as riquezas nas mãos de poucos e, ao mesmo tempo, produzem desgraça, assassinatos, prostituição infantil, enfim, ampliam as profundas desigualdades sociais. O Brasil e o mundo dizem não a Belo Monte. O povo paraense diz: Pare Belo Monte!”.

Marcos Mota do Fórum da Amazônia Oriental avalia que as ações de protesto que ocorrem pelo mundo ajudam a esvaziar o discurso falacioso do governo, “De fato, a usina causará um impacto social e ambiental sem precedente na região e entre habitantes locais.”

Para o estudante Anderson Castro, liderança do movimento estudantil, “Este ato tem uma importância fundamental, pela primeira vez a gente consegue unir forças a nível internacional para lutar contra a construção de barragens na Amazônia e nós fazemos um convite para a juventude indignada que venha para somar nesta luta”. A opinião também é compartilhada pelo estudante William Pessoa: “Belo Monte é um grande crime socioambiental que quer destruir a vida do Xingu; vamos às ruas barrar Belo Monte e evitar que se construa uma usina de destruição e morte”.

Para Neide Solimões, funcionária pública e dirigente sindical, “O Rio Xingu é um patrimônio da humanidade, daqueles que precisam e vivem do rio. E todos sabem que, politicamente, o que está por traz desta decisão governamental são compromissos com as grandes empreiteiras e grupos econômicos”, afirma.

A Bacia do Rio Xingu é uma referência pela sua diversidade biológica e cultural. Caso seja construída, a vida das etnias indígenas será duramente afetada no seu modo de vida. Trata-se, na verdade, de um crime contra o meio ambiente e à soberania do país. Por isso, a luta para barrar este projeto assume cada vez mais importância. É decisivo para o futuro da Amazônia e do Brasil.

BELO MONTE: Um exemplo de ineficiência energética

Dirigentes do movimento contra a barragem são unânimes em afirmar que até os peixes do Xingu sabem que este projeto é um exemplo de ineficiência energética, financiada com recursos do erário público que só ajudam a reforçar o esquema de corrupção dos que se locupletam no poder. Daí o motivo do governo ignorar o apelo das populações locais, das comunidades científicas e de promover sistematicamente violações da legislação, da Constituição Brasileira e de tratados internacionais.

Enquanto o governo se fecha ao diálogo, órgãos de inteligência monitoram a movimentação dos ativistas na região e em outros centros de resistência.

Solidariedade sem fronteira

Ato de Belém foi convocado no rastro de outras mobilizações ocorridas em vários estados brasileiros. A nível internacional, protestos estão confirmados na Alemanha, Austrália, Canadá, Estados Unidos, França, Portugal, México, Inglaterra, Holanda, Escócia, Taiwan, Turquia e País de Gales. A maioria das manifestações ocorrerá em frente à Embaixada Brasileira desses países.

http://www.ecoagencia.com.br/index.php?open=noticias&id=VZlSXRVVONlYHZEVjZkWhN2aKVVVB1TP

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