Amazônia Brasileira celebra o 1º Encontro de suas jovens lideranças formadas pelo CAFI

O movimento indígena amazônico está vivendo uma fase de reestruturação, fazendo uma reflexão conjunta de suas várias lideranças sobre a atuação na garantia e conquista de direitos. No começo do mês de junho, aconteceu na cidade de São Gabriel da Cachoeira, um Diálogo das Lideranças, um encontro da chamada velha guarda do movimento indígena, que pode avaliar as décadas de atuação do movimento organizado na região. Agora, são as jovens lideranças que fazem a reflexão, após serem formados pelo CAFI – Centro Amazônico de Formação Indígena.

A COIAB, através do consórcio PIB-Paisagens Indígenas Brasil, com o apoio da USAID, proporciona a 40 jovens lideranças indígenas da Amazônia Brasileira, a possibilidade de estarem discutindo, até o dia 29, outras questões como mudanças climáticas, grandes empreendimentos em Terras Indígenas e economia solidária, realidades que influenciam os povos indígenas na atualidade.

Sonia Guajajara lembra do desenvolvimento dos alunos, da trajetória de cada um quando chega ao CAFI. “No CAFI os jovens indígenas se descobrem jovens lideranças e assim, fortalecem a luta do movimento indígena, pois se abre uma visão muito maior para outras realidades. Cada um que passa pelo centro fica com uma experiência muito grande, o conhecimento que levam fica pra sempre marcado. O Brasil é composto por várias culturas, povos diferentes, e é isso que esperamos do CAFI, que possa ser uma provocação para novas descobertas”, afirmou a vice coordenadora da COIAB.

De acordo com o ex-aluno, Angelo Sirnãpte Xerente, o CAFI formou e deu o sentido do que é ser liderança para ele. “Hoje nós temos o compromisso com as nossas bases, sabemos da importância em levar o conhecimento para os nossos parentes. O CAFI tem esse papel importante, isso foi para nós uma grande conquista, porque nosso povo precisa”.

Para Denizu Tikuna, ex-aluno do CAFI, esse encontro é importante para avaliar a participação de cada liderança em sua comunidade, após os aprendizados adquiridos no CAFI. “Aqui podemos socializar as informações do que estamos passando em nossas comunidades. A formação que o CAFI nos repassou é de muita importância para vencer as dificuldades. Alguns alunos tiveram problemas para trabalhar em suas organizações por falta de estrutura”.

Paulo Mamaindê, jovem com apenas 18 anos, mas com muita consciência política, acredita que o Encontro do CAFI é muito importante para saber de que forma estão atuando nas bases, os trabalhos que desenvolveram. “É preciso dar encaminhamento para resolver os problemas que temos nas nossas bases, para fortalecer o movimento indígena. O que a gente aprende no CAFI ajuda no movimento, pois aprendemos como correr atrás dos nossos direitos. É uma informação muito valiosa”, afirmou.

Naraiamat Suruí é uma jovem liderança formada pelo CAFI, atuante no movimento indígena de Rondônia agora faz parte do Parlamento Suruí, uma instância política do povo Payter. “Aprendi muito com o CAFI, para me tornar uma liderança. Recentemente fomos à Brasília, os representantes do Parlamento, para cobrar da SESAI um atendimento às nossas comunidades. O CAFI contribui muito com os conhecimentos para podermos está construindo um movimento forte”, afirmou o jovem guerreiro.

Henyo Barreto, diretor acadêmico do IEB, instituição parceira dentro do Consórcio PIB, diz que é uma grande satisfação ver esse encontro, pois “sempre se falava da realização desse momento, pois um dos elementos que achamos importante é ter um programa de ex- alunos, desenvolvendo uma forma de comunicação entre as diversas regiões aonde atuam”.

De acordo com Bonifácio Baniwa, Secretário da SEIND – Secretaria de Estado para os Povos Indígenas do Amazonas, é um desafio muito grande quando se luta pelo direito dos povos indígenas, quem exerce o papel de liderança na frente do seu povo. O projeto do governo brasileiro seria acabar com os povos indígenas. Lideranças no CAFI são bem preparadas para assumir os desafios. Só um indígena tem sabedoria pra decidir o que é melhor para o seu povo”, afirmou o Secretário.

Marcos Apurinã, coordenador geral da COIAB, aredita que o CAFI é uma grande bandeira do movimento indígena, que desenvolve um papel de extrema importância na formação de suas lideranças. “Nesse momento do Encontro do CAFI pudemos perceber como tem se dado a experiência de cada povo, de cada liderança que foi escolhida na sua base para participar do CAFI. Nossos líderes do passado não tiveram a oportunidade de adquirir esse conhecimento. Como podemos colaborar com o movimento através dos conhecimentos adquiridos. São vocês, as jovens lideranças, que estão ai nessa batalha pra vencer”.

Enviada por Henyo Barreto para a lista superiorindigena.

 

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