“Fomos tratados como animais”: Moradores do Quilombo do Sacopã na Lagoa Rodrigues de Freitas, foram vítimas de tratamento desigual pela justiça.

Sexta-feira, 8 de julho , 14:30  horas, as familias residentes no idílico Quilombo do Sacopã, tiveram o portão de entrada para suas casas bloqueados por um oficial de justiça, acompanhado por uma força policial com armamento pesado que incluia escopetas e outras armas de guerra. Chegada de policiais na entrada do Quilombo.

A juiza Maria da Glória Oliveira Bandeira de Melo da 8a. Vara do Tribunal de Juntiça, atendera ao pedido judicial impetrado pelo vizinho da comunidade do Quilombo do Sacopã, o Desembargador, vice-presidente do Tribunal de Justiça do RJ, que alegara que o terreno de entrada, de propriedade das famílias quilombolas, estava sendo usado como estacionamento pago, o que seria ilegal na visão da juiza, que mandou lacrar a o potão principal de entrada na área que era a famosa favela da Catacumba da década de 60.

Desde sexta-feira que 5 taxis e uma Vã de propriedade das familias quilombolas, não podem deixar o local, nem moradores que tem deficiência física ou sejam idosos podem ser transportados para serem atendidos por médicos.

” Foi um horror, companheiro, eu pensava que ia morrer, minha pressão deve ter subido a 18, me senti tratado como um animal”, respondeu-nos ao telefone, Luis Sacopã, líder da comunidade e presidente da União dos Remanescentes de Quilombolas do Estado do Rio de Janeiro.

fortemente armados colocam a corrente no Quilombo do Sacopã

“Estávamos aqui reunidos com representantes de várias comunidades do estado do Rio, preparando o encontro nacional  do Quilombolas, que vai acontecer exatamente aqui no Quilombo do Sacopã nos próximos dias 3 e 4 de agosto, que segurança podemos dar a toda esta gente que vem nos visitar?”, nos falou emocionado e ofendido. ” Se tinha alguma coisa errada, deveriam ter nos informado, ouvido as partes, onde é que fecham um prédio ou uma residência de um “bacana” aqui no Rio de Janeiro? Com a gente não, somos iguais a bicho prá eles, não podem mais botar uma corrente em nossos pés, então acorrentam o nosso portão, não podemos nem mais ir e vir nas nossas próprias casas?” Repetia Luis, revoltado com a situação.

Acalmei-o como pude ao telefone, pois sabia de sua insuficiência coronária e pedi-lhe que nos explicasse o que havia acontecido e o qual era o motivo desta ordem judicial.

O que fazer?

Mamapress: Luis,  nos conte o que aconteceu.

Luis Sacopã: Há tempos atrás este senhor que é nosso vizinho, veio falar comigo e se apresentou como juiz, e me pediu para parar de deixar entrar taxistas em para estacionarem nosso terreno, que é vizinho ao prédio em que ele mora. Lhe informei que eles não vinham estacionar aqui e sim utilizarem o banheiro do Quilombo, pois tem um ponto ali na esquina e eles não teem lugar onde satisfazerem as suas necessidades, e que os cinco taxis que ficam estacionados são de moradores do Quilombo além de 8 carros de vizinhos que pediram para usar parte de nosso terreno.

Mamapress: e ficou por aí?

Luis Sacopã: Olha não sei se foi coincidência, mas depois disto, passamos a ser incomodados sempre que fazíamos nossos pagodes.

Mamapress: vocês foram avisados de que iria ter esta ação?

Luis Sacopã: Não.

Mamapress: O que está sendo feito?

Luis Sacopã: Liguei para o Marcelo Dias da Superitendência de Promoção da Igualdade Racial, para o Cedine, conversei com o deputado Edson Santos e eles prometeram que vão nos ajudar.

Mamapress: E as medidas judiciais concretas?

Luis Sacopã: Isto eu tive que fazer logo, fui hoje, segunda-feira lá na juiza, que prometeu que amanhã vai liberar para que os carros saiam, mas isto não é suficiente, queremos segurança e proteção de nossos direitos, queremos ser trados como iguais. o representante do Incra estava aqui na hora e nem ele pode fazer alguma coisa.

Mamapress: O que você considera ser tratado como igual?

Luis Sacopã: Este espaço é nosso, se algum vizinho tem problemas, que a justiça nos ajude a resolver escutando as parte, o que não podemos é termos nossos direitos desrespeitados só por que a outra parte é um desembargador. Por trá disto tudo tem é muito racismo.

Mampress: O movimento social e o movimento negro fez alguma coisa para apoia-los?

Luis Sacopã: Olha, meu amigo, estamos nos sentindo muito fragilizados, sózinhos, tá todo mundo cuidando de si , de seus partidos, tá todo mundo dividido, precisam se juntar. Olha só o que estão fazendo conosco aqui no coração de Ipanema, imagina se estivéssemos numa quebrada lá do interior? Tenho receio pela segurança das nossas famílias.

Mamapress: Que mais vocês pretendem fazer?

Luis Sacopã: Olha vocês estiveram aqui há dois meses lançando a Radio Mamaterra, viram a alegria da gente, a firmeza, este lugar é muito bonito, é um parque presevado(Parque da Catacumba. nd), somos 7 famílias que vivem aqui na terra de nossos ancestrais, 32 pessoas entre jovens, velhos e crianças.

Antropólogo do INCRA estava na reunão

Mas vocês viram, né? Tudo preto, parece que eles tem nojo da gente. Mas a gente não se dobra vamos juntar nossos vizinhos que nos apoiam e são amigos, esperamos contar com o apoio de todo mundo que sempre nos visita neste paraíso no meio de uma selva de pedra.

A gente espera contar com a sociedade carioca e do Brasil, vocês aí da Alemanha eu já sei que posso contar. Assim que estiver marcada nossa manifestção eu aviso.

 

“Fomos tratados como animais”: Moradores do Quilombo do Sacopã na Lagoa Rodrigues de Freitas, foram vítimas de tratamento desigual pela justiça.

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.