Extrativista diz que investigações de assassinatos estão muito lentas

Diretor do CNS cobra mais celeridade nas investigações

Evandro Côrrea

O diretor do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), no Pará, Atanagildo Matos, manifestou preocupação com a demora nos resultados da investigações sobre o assassinato de José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo Silva, no último dia 24, em Nova Ipixuna, sudeste do Pará.  Atanagildo considera o assassinato do agricultor Erenilton Pereira dos Santos, maranhense, 25 anos, cujo corpo foi encontrado no final da manhã de sábado, 28, a sete quilômetros do assentamento, uma afronta à Polícia Civil do Estado.  “É estranho que oito dias após os assassinatos as autoridades não tenham listas dos criminosos e dos prováveis mandantes”, disse Atanagildo, ao afirmar que acompanhou o casal até o Ministério Público Federal, em Marabá, para denunciar madeireiras e carvoarias no assentamento.  “Infelizmente, dias depois a Sema do Pará autorizava e as empresas voltavam a funcionar”.  Segundo ele, a polícia tem vários nomes para investigar.

Na tarde de segunda-feira, 30, os policiais que investigam a morte do casal afirmaram que a morte de Erenilton Pereira dos Santos foi um acerto de contas envolvendo tráfico de drogas.  “Ele também não era testemunha da morte do casal de extrativistas”, disse o delegado Silvio Maués, embora colonos que moram no assentamento afirmem o contrário.  Ele teria visto os pistoleiros fugindo em uma motocicleta de cor vermelha, momentos após o duplo homicídio.  “Não podemos descartar essa hipótese.  A polícia precisa esclarecer as causas do crime”, afirmou em nota a Comissão Pastoral da Terra, que acompanha o caso em Marabá.

O representante do Ministério Público Federal (MPF) na Comissão Nacional de Combate à Violência no Campo, procurador regional da República José Elaeres Marques Teixeira, esteve em Nova Ipixuna e Marabá para verificar as providências em relação ao assassinato de José Cláudio e Maria do Espírito Santo.  A comissão se reuniu com várias autoridades, entre as quais os delegados das polícias Civil e Federal e os promotores de Justiça de Marabá, que prometeram dar celeridade ao caso.  Para José Elaeres, todas as autoridades demonstraram empenho em solucionar o caso.  “Fiquei muito satisfeito de ver o trabalho dos colegas de primeira instância, André Raupp e Tiago Rabelo, no combate à extração ilegal de madeira na região.  Eles já haviam determinado há algum tempo a instauração de inquérito pela Polícia Federal para apuração dos crimes ambientais na área e, logo depois do homicídio do casal, solicitaram investigações para apurar a relação do assassinato com os crimes investigados”, explicou o procurador.

 

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