Professores indígenas recebem diploma em Minas

Primeira turma tem 130 educadores das etnias Kaxixó, Krenak, Maxakali, Pankararu, Pataxó, Xacriabá e Xucuru-Kariri

A primeira turma de educadores de origem indígena, parte deles moradores das tribos remanescentes de Minas Gerais, recebeu, na noite da sexta-feira (27), seus diplomas de professores indígenas. A solenidade de colação de grau aconteceu na reitoria da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no campus da Pampulha.

Fazem parte desta primeira turma 130 educadores das etnias Kaxixó, Krenak, Maxakali, Pankararu, Pataxó, Xacriabá e Xucuru-Kariri. O curso é uma iniciativa da UFMG, que tem parceria da Secretaria de Estado de Educação (SEE), Fundação Nacional do Índio (Funai) e Ministério da Educação (MEC).

A ideia do programa, explica a coordenadora do curso, Maria Inês de Almeida, é formar em nível superior professores índios para trabalhar com educação básica em suas comunidades. Entre os resultados apresentados pelos professores estão o início do trabalho de resgate da língua Xakriabá, perdida no início do século.

Segundo o cacique da tribo, Domingos Nunes Oliveira, graças ao incentivo do curso, algumas palavras foram resgatadas e estão registradas em trabalhos. Ainda de acordo com o cacique, famílias da tribo residentes na Terra Indígena Xakriabá, localizada em São João das Missões, já estão fazendo um intercâmbio, morando desde meados do ano passado na tribo dos Xerente, no Tocantins.

“A língua Xerente vem do mesmo tronco linguístico, o macro-jê. É uma língua irmã da Xakriabá. Queremos resgatar a língua, costumes e aguardamos que famílias Xerente venham viver conosco. No futuro, esperamos que casamentos entre filhos das duas tribos façam renascer a nossa língua”, afirmou o cacique.

Durante a cerimônia, os professores e alunos fizeram apresentações dos rituais de cada tribo. Parte do material produzido durante o curso, inclusive vídeos elaborados nas aldeias, foi exposto do lado de fora do auditório.

O curso superior de formação de professor indígena tem duração de cinco anos. Os estudantes participaram de dez módulos presenciais, na UFMG e outras dez etapas intermediárias, que aconteceram nas aldeias. Os encontros presenciais foram realizados nos meses de maio e setembro e os gastos com a hospedagem pagos pela Secretaria de Estado de Educação.

Em algumas aldeias, como os Xakriabá, as aulas tiveram grande participação popular. A maior etnia de Minas tem hoje 9 mil índios, que vivem dentro da Terra Indígena. Em outros pontos, a realidade é bem diferente. Entre os Maxacali e os Xukuru-Kariri, por exemplo, as aulas tiveram que acontecer em locais improvisados nas tribos, que têm muita dificuldade de acesso.

Os professores que integram essa primeira turma participaram das turmas de formação em nível médio oferecido pela Secretaria de Estado de Educação, em parceria com a UFMG, entre os anos de 1996 e 2008.

http://www.hojeemdia.com.br/cmlink/hoje-em-dia/minas/professores-indigenas-recebem-diploma-em-minas-1.287059

 

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