Mulher quilombola: luta, resistência e prazer em viver

O seminário temático “Mulher quilombola: luta, resistência e prazer em viver” apresentado pelas Professoras Drª. Mary Francisca do Careno (UNESP – FCL / Santos); Drª. Renata Medeiros Paoliello (UNESP – FCL / Araraquara) e a Srª. Gabriela Lourenço dos Santos (Liderança da Comunidade Quilombola de Caçandoca) trouxe a discussão sobre o histórico da situação da mulher negra na sociedade brasileira em que, esta sofre duplamente das condições de marginalidade que lhes são impostas por um sistema que se mantém sobre os pilares do elitismo, do machismo e do racismo.

A Srª. Gabriela nos traz um pouco da vivência no quilombo Caçandoca onde antes, vivia-se do plantio e colheita para subsistência, a pesca e a caça; mas que, a partir da década de 60, com o avanço dos latifúndios, a busca crescente por uma sociedade brasileira industrializada faz com que as quilombolas sejam enfraquecidas naquilo que lhes ligavam a uma vida natural.

Daí, a mulher que buscava a cura de doenças em chás naturais, a educação por meio da tradição oral, vivia a gestação com naturalidade, agora sofre da institucionalização daquilo que é básico para a subsistência de todo e qualquer indivíduo que vive em sociedade (alimento, saúde, transporte, educação). Em complemento a esta fala, nós temos a discussão da Profª. Mary que traz a forma como o racismo se institucionaliza, utilizando-se da imagem, que antes associava a mulher negra ao campo e / ou ao trabalho doméstico e que, com o passar dos tempos, liga-a à animalidade e / ou à sexualidade. Hoje, segundo a Profª, com os protestos do movimento negro, a imagem da mulher negra é veiculada enquanto bela, com riqueza que as especificam, mas ainda, a veiculação destas imagens precisa avançar para que transformemos o pensamento racista que fundamenta uma série de ações entre a população brasileira. A mediação da discussão pela Profª. Renata provoca-nos uma reflexão sobre a importância da universidade para conhecermos a diversidade social, etnicorracial e cultural que nos cerca pois, o que se percebe, nesta discussão é a falta de informação e diálogo entre as diferenças, para além daquilo que tem sido estabelecido há séculos pela ideologia racista, machista e elitista que orienta as ações na sociedade brasileira.

 

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