Livro-denúncia: Vergonha nacional

Os professores Danielle Cireno Fernandes, da UFMG, e Diogo Henrique Helal, pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, no Recife, convidaram um grupo de especialistas nacionais e de outros países para discutir, por meio de uma série de artigos, o fenômeno da desigualdade social, sobretudo a brasileira. O resultado desse trabalho, que demandou muita pesquisa e tempo, pode ser conferido agora com a leitura do livro As cores da desigualdade, que será lançado hoje em Belo Horizonte, na Livraria Quixote.

Em relação ao tema proposto no capítulo três, por exemplo, “Jovens e o acesso ao mercado de trabalho: uma análise longitudional”, Danielle Fernandes e Carlos Alexandre Soares, professor de sociologia na rede estadual de ensino de Minas Gerais, discorreram sobre as mudanças ocorridas em relação à inserção do jovem no mercado de trabalho, “seja na formalidade, na informalidade ou na situação de desocupado”.

Em outro capítulo, “Por trás dos fios invisíveis: configuração do trabalho domiciliar no Brasil contemporâneo”, Alessandro Gomes Enoque, coordenador do curso de administração da Universidade Federal de Uberlândia (Ufu), procurou dar sua contribuição para uma melhor compreensão conceitual, metodológica e analítica em relação ao trabalho domiliciar urbano no Brasil de hoje.

De acordo com os organizadores, entre as várias conclusões a que chegaram, a de que continua existindo no Brasil claro processo de reprodução das desigualdades sociais, ainda não firmemente enfrentado pelas autoridades. Os negros, por exemplo, continuam tendo muitas dificuldades em relação à inserção no mercado de trabalho, principalmente “quando se trata de posições de maior prestígio e retorno econômico e social”.

Já para o sociólogo e pesquisador Rafael Guerreiro Osório, que prefaciou o livro, no Brasil dos últimos anos, as únicas novidades capazes de jogar areia no azeitonado mecanismo de reprodução da desigualdade racial foram as ações de promoção do acesso ao ensino superior pelas universidades federais conjugadas ao financiamento do ProUni. “Mas não são suficientes, e demorarão muito a ter resultados”, afirma.

Participaram ainda do livro os professores Antônio Sérgio Alfredo Guimarães, Jorge Alexandre Barbosa Neves, Katherine S. Newman, Lília Carolina Carneiro da Costa, Murillo Marschner Alves de Brito e Naomar Almeida Filho.

As cores da desigualdade
Livro de Danielle Cireno Fernandes e Diogo Henrique Helal, organizadores, Fino Traço Editora, 191 páginas. Lançamento hoje, das 11h às 15h, na Livraria Quixote, Rua Fernandes Tourinho, 274, Savassi. Entrada franca. Informações: (31) 3227-3077.

Enviada por José Carlos. Fonte: O Estado de Minas.

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