O movimento nacional das Comunidades Quilombolas é hoje um dos mais ativos agentes do movimento negro no Brasil. Unidos pela força da identidade étnica, os quilombolas construíram e defendem um território que vive sob constante ameaça de invasão. Realidade que revela como o racismo age no país. Impede que negros e negras tenham o direito à propriedade, mesmo sendo eles os donos legítimos das terras herdadas dos seus antepassados: negros e negras que lutaram contra a escravidão e formaram territórios livres. Mas ainda hoje, os descendentes diretos de Zumbi dos Palmares, símbolo máximo da luta do povo negro por liberdade, travam no dia-a-dia um embate pelo direito a terra.
É uma história de resistência que garantiu a continuidade de centenas de quilombos. Sem dúvida uma sobrevivência sofrida, mas com vitórias. Diante da resistência tornou-se impossível para o governo brasileiro não responder às demandas da CONAQ. Essa situação foi consolidada a partir da afirmação da ação coletiva expressa na realização dos três encontros nacional da CONAQ. No I Encontro Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas, em novembro de 1995 com participação incondicional do movimento negro onde foi tirado como meta a criação da CONAQ um ano mais tarde em 12 de maio de 1996, em Bom Jesus da Lapa/Bahia.
Hoje estamos em 25 estados da federação, ao longo desses 15 anos enfrentamos desgastes, derrotas, enfrentamos ameaças de morte, perdemos companheiros e companheiras que foram tombados pelo poder do chumbo, mas continuamos firmes, resistentes e desafiados a permanecermos de pé.
Neste, 12 de maio de 2011, 15 anos depois da criação de nossa entidade maior e representativa da nossa luta é com muito orgulho que repetimos, gritamos em alto e bom som: SOMOS CONAQ! TEMOS 15 ANOS DE LUTA! NENHUM DIREITO A MENOS!
Nossas homenagens a alguns dos (as) guerreiros e guerreiras que contribuíram no pensamento em criar a CONAQ e assim agradecendo a todos (as) que contribuíram e contribuem para o fortalecimento, resistência da CONAQ citamos: Simplício Araújo, Paulo Mary, Givânia Silva, Ivo Fonseca, Hilta, Maria Rosalina, Edimilton, Magno Cruz (in memorian) e tantos outros.
Nós descobrimos o passado, vivemos o presente e estamos escrevendo o futuro, porque temos alma, cultura e sabemos de onde viemos.
Viva a liberdade!
Ana Maria Cruz
Ivo Fonseca da Silva
Jhonny Martins de Jesus
Maria Rosalina dos Santos
Ronaldo dos Santos
Coordenação-Executiva
Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas – CONAQ
Há 15 anos as comunidades quilombolas do Brasil tem se articulado em torno da CONAQ pela conquista dos direitos humanos, principalmente, o direito aos seus territórios tradicionais historicamente ameaçados pela elite oligárquica deste País. Parabéns aos homens e às mulheres que nessa trajetória se engajaram na luta!