13 Terras Indígenas foram eliminadas do Zoneamento de MT, denuncia organização

Das 69 terras indígenas em Mato Grosso listadas na primeira proposta de zoneamento (ZEE-MT), apenas 56 constam na versão aprovada pelo governador no dia 19 de abril.  É o que afirma a Operação Amazônia Nativa, organização que atua no Mato Grosso.

De acordo com a organização, as informações sobre as terras indígenas excluídas possuem diversos equívocos.  “Há terras indígenas desenhadas no mapa da proposta, mas não citadas no projeto de lei.  Para a OPAN, isso evidencia mais que uma total falta de critério por parte dos parlamentares e do executivo estadual”, diz a nota divulgada pela organização.

As terras indígenas eliminadas somam aproximadamente 2 milhões de hectares. “Curiosamente, as áreas excluídas localizam-se em municípios que sofrem forte influência política dos mesmos deputados que deturparam a versão original do zoneamento.  Essas zonas estão em avançado processo de degradação ambiental para conversão de paisagens naturais em monocultura de grãos e pecuária, à revelia de direitos indígenas nessas regiões”, explica.

As terras indígenas Irantxe e Batovi são alguns dos exemplos.  Apesar de já existirem, ou seja, de já terem concluído seu processo de criação, elas não foram citadas no projeto de lei da ZEE-MT.  “Lembramos que só pelo fato de haver um processo de criação em curso, que envolve as etapas de estudo, identificação, declaração, demarcação, homologação e finalmente registro, a legislação federal reconhece formalmente o direito dos povos indígenas sobre esses territórios em todas as fases“, conta a nota.

Zoneamento

De acordo com a OPAN, o zoneamento, tal como foi aprovado, abre precedentes para a consolidação de modelos predatórios de ocupação nessas áreas em litígio, o que poderá se constituir como empecilho definitivo à posse e domínio indígenas uma vez concluídos os trâmites legais para o estabelecimento de seus territórios previstos na Constituição do País.

“Diante disso, reforçamos nossa posição de repúdio à versão final do zoneamento sancionada pelo governador Silval Barbosa e conclamamos o Ministério Público Federal, o governo federal e demais organizações socioambientais a agir em prol da defesa dos direitos constituídos das populações indígenas do Mato Grosso”, diz.

Veja abaixo o status de criação das terras indígenas que foram eliminadas na proposta de zoneamento aprovada em Mato Grosso:

 

Terras indígenas excluídas da proposta de zoneamento de MT Povo indígena 

Status de criação (fonte: Funai) 

Status de criação (fonte: Funai) 

TI Baía dos Guatós Guató Declarada Barão de Melgaço e Poconé
TI Batelão Kaiabi Declarada Juara, Nova Canaã do Norte, Tabaporã
TI Batovi Waurá Registrada Gaúcha do Norte
TI Cacique Fontoura Karajá Declarada Luciara e São Félix do Araguaia
TI Estação Parecis Pareci Identificada Diamantino e Nortelândia
TI Manoki/Irantxe Irantxe Registrada, em processo de ampliação Brasnorte
TI Kayabi Kayabi Declarada Apiacás
TI Kawahiva do Rio Pardo Isolados Identificada Colniza
TI Pequizal do Naruvôtu Naravute Declarada Canarana e Gaúcha do Norte
TI Piripkura Isolados Restrição de uso Colniza e Rondolândia
TI Ponte de Pedra Pareci Declarada 

 

 

Campo Novo do Parecis, Diamantino e Nova Maringá
TI Portal do Encantado Chiquitano Declarada Pontes e Lacerda, Porto Esperidião e Vila Bela da Santíssima Trindade
TI Uirapuru Pareci Declarada Campos de Julio e Nova Lacerda

 

http://www.amazonia.org.br/noticias/noticia.cfm?id=383640

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