Spams pró-ruralistas espalham boatos sobre Código Florestal

Local: Internacional – AC
Fonte: Terra Magazine
Link: http://terramagazine.terra.com.br

A votação do novo Código Florestal, no Congresso, motiva um bombardeio de spams pró-ruralistas na web, manipulando até mesmo o surrado boato da “internacionalização da Amazônia”.  Entre as ameaças, a crise de abastecimento.  “Congresso tem difícil decisão que impactará na mesa do brasileiro”, sugere um dos e-mails, recheado com o texto do blog “InNews”.

“Os ambientalistas, motivados por ONG’s que recebem financiamento de outros países, querem emperrar a pauta e adiar a votação para pressionar o congresso a não aprovar o novo código.  A principal defesa é que já temos área suficiente e que a Amazônia seria prejudicada, colocando em risco o planeta”, diz o spam.

Mais adiante, uma visão amena sobre os grandes proprietários: “Os ruralistas estão preocupados com os efeitos que essa situação poderá causar, como desabastecimento do mercado interno, o aumento dos preços dos alimentos e a demissão de milhares de trabalhadores rurais, pois teriam que replantar cerca de 30% das áreas de cultivo, reduzindo a produção”.

O relatório do deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB) é criticado por ambientalistas, sob a acusação de favorecer os grandes produtores rurais.  Na terça-feira, 3, a Câmara aprovou a urgência constitucional para votação do projeto do novo código.  Um dos pontos polêmicos é a possibilidade de os proprietários de áreas de 20 a 400 hectares e os agricultores familiares manterem o percentual de vegetação nativa que possuíam até 2008.  As negociações entre ministros e líderes da base governista, na noite desta quarta-feira, não resolveram parte dos conflitos.  A votação está prevista para a próxima semana.

“Coisa velha”

A campanha virtual associa a votação do Código Florestal à internacionalização da Amazônia.  Uma mensagem, assinada por “Ana Maria Figueiredo”, assume o tom de desabafo e espalha um folclórico boletim ambientalista, “Orgulho Verde”, que também ganhou uma página na web: “Eu dei uma olhada no site e tem coisa até pior publicada, tipo defender a internacionalização da nossa Amazônia dando tudo de graça para os gringos!  Dar Amazônia?  Fala sério!  (…) Esses imbecis não tem noção do que vai acontecer com os pequenos produtores se o Código Florestal não for aprovado”, afirma a remetente.

Na guerrilha favorável a desmatadores, vídeos são postados no YouTube: “Em defesa da produção de alimentos”, “Brasil: um planeta faminto e a Agricultura Brasileira”, etc. “O que fazer por um planeta faminto?  Quem vai alimentá-lo?”

O panfleto chama a presidente da República de “Dilmão”.  “O Brasil vive levantando bandeiras em defesa da preservação da Amazônia, mas na hora de botar pra quebrar, quanta incompetência!  São acordos e leis ambientais que não funcionam e gente desmatando a floresta na cara dura.  E daí a gente se pergunta: se ninguém, nem mesmo Dilmão, dá jeito nisso, por que não optar pela internacionalização?”.

E prossegue a caricatura: “Se internacionalizássemos toda a região e criássemos uma espécie de Conselho Internacional composto por instituições ambientais mundiais e presidido por ONGs como a WWF e o Greenpeace, que são referência em preservação ambiental e têm competência o bastante para cuidar disso, certamente reverteríamos este quadro.”

– É meio coisa velha, ridícula.  O Greenpeace é contrário à internacionalização.  Nós pedimos o aumento da governança na região, estamos brigando para que o Código Florestal seja aplicado, por mais leis, mais governo, mais Brasil – rebate Márcio Astrini, do Greenpeace.

O ativista afirma que a ONG defende que “os problemas têm que ser resolvidos pelos países onde a Amazônia está”.  Astrini ironiza o vídeo em que são expostos pequenos agricultores aos prantos.

– Quem está patrocinando as mudanças do Código Florestal são os grandes latifundiários, através do deputado Aldo Rebelo.  E esses agricultores que estão chorando não precisam de anistia, precisam de políticas públicas – argumenta.

http://www.amazonia.org.br/noticias/noticia.cfm?id=383494

 

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