Relatório revela alto índice de mortalidade infantil entre indígenas peruanos

No último dia 26, o Instituto Nacional de Estatística e Informática (INEI) e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) apresentaram o relatório “Características Sociodemográficas dos Grupos Étnicos da Amazônia Peruana e do Espaço Geográfico no qual residem”, que revela a desigualdade entre o índice de mortalidade infantil entre indígenas que vivem na região da Amazônia Peruana e o restante do país.

O relatório foi feito com base nos Censos Nacionais de 2007: o XI de população e VI de moradia, e no II Censo de Comunidades Indígenas da Amazônia Peruana também de 2007. Além das diferenças nos índices de mortalidade entre comunidades nativas da Amazônia e o resto do país, também há diferença entre as etnias indígenas.

Segundo o estudo, em 2007 foram registradas 3.516 mortes de crianças, e apesar de não especificar a causa da mortalidade infantil, o relatório afirma que a primeira causa dos falecimentos são vômitos e diarréias, seguidos pela pneumonia, malária e paludismo.

De acordo com o estudo, a taxa de mortalidade infantil (de menores de um ano) nas comunidades nativas da Amazônia em 2007, foi de 49,2 para cada mil nascidos vivos. Já em nível nacional esta mesma taxa reduz para 18,5 para cada mil nascidos vivos. Este fenômeno também acontece quando se analisa a mortalidade de crianças menores de cinco anos, já que no mesmo período a taxa de mortalidade foi de 64 em cada mil nascidos vivos nas comunidades da Amazônia, enquanto que no restante do país a taxa foi de 27 mortes para cada mil crianças vivas.

Para o chefe do Inei, Aníbal Sánchez, as altas taxas de mortalidade infantil nas comunidades nativas indígenas da Amazônia se devem, principalmente, à falta de postos de saúde na região. Quando precisam de atendimento médico, os indígenas são obrigados a caminhar por horas, explicou. Ele acrescentou ainda a questão cultural e o hábito dessas comunidades de recorrerem aos curandeiros e não aos centros de saúde.

Dos 731 postos de saúde disponíveis para as comunidades amazônicas, apenas 98 têm tubulação ligada à rede pública de água e em muitos utilizam água diretamente dos rios. O estudo também mostra que 14,9% da população indígena da Amazônia Peruana não têm acesso ao Documento Nacional de Identidade (DNI).

“O que mais chama a atenção são as diferenças que existem entre as cifras das comunidades amazônicas e as médias do resto do país. É preciso fazer um esforço para alcançar uma maior equidade e igualdade social no país”, disse Esteban Caballero, representante da UNFPA no Peru.

O estudo detalha que no país existem 1.786 comunidades indígenas nativas, com 332.975 habitantes, sendo que 39,2% deste total são de crianças menores de seis anos. Essas comunidades estão divididas em 12 famílias linguísticas, entre as quais predomina a Família Arahuaca. Toda essa população está distribuída em onze departamentos do país, sendo o Amazonas o que tem a maior população de comunidades indígenas amazônicas, seguido por Loreto, Ucayali e Junín.

Para ler o relatório completo, acesse: http://servindi.org/pdf/Caracteristicas_Sociodemograficas_Amazonia.pdf

http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=56148

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