Artigo premiado discute racismo à brasileira

O racismo ‘naturalizado’ na sociedade brasileira, representado na mídia por meio de personagens que reproduzem estereótipos, é tema do artigo que rendeu à aluna Juliana Silva Santos, da Faculdade de Letras da UFMG, o prêmio Construindo a Igualdade de Gênero, edição 2010, na categoria Estudante de graduação.

Ao falar sobre a mulher negra a partir da representação cinematográfica da personagem Maria, no filme Bendito Fruto (Brasil, 2005), dirigido por Sérgio Goldenberg, a autora comenta que a obra “sugere um ponto de vista que perpetua e circunscreve o lugar da mulher pobre e negra a atividades ligadas ao braçal”. Em sua opinião, “a maneira como a personagem foi construída aponta para uma manutenção de estruturas tradicionais enraizadas no modelo casa-grande e senzala do período colonial”.

No trabalho que tem como título A legitimação do silêncio no cotidiano da mulher negra brasileira a partir do filme Bendito Fruto, Juliana Santos comenta que o cinema enquanto veículo de difusão de ideologias “não é em si neutro”, portanto, reflete o sistema ideológico, “tanto na produção quanto na recepção, em uma dinâmica fundada em relações de poder nas quais os sujeitos atuam como seres históricos que reforçam ou instituem maneiras de se ver a ‘realidade’”.

A autora informa que seu artigo é fruto de reflexões feitas a partir do grupo de pesquisa sobre as representações do feminino no cinema brasileiro contemporâneo, sob o olhar da Análise do Discurso. “Orientado pela professora Helcira Lima, o grupo buscou pensar o cinema em relação ao envoltório sócio-discursivo acerca da mulher”, explica Juliana, ao destacar também a importância da experiência adquirida no projeto Ações Afirmativas, da Faculdade de Educação da UFMG.

Sobre a premiação, a autora afirma que se trata de uma grande oportunidade para “trazer à baila assuntos menos discutidos na academia”. Leia na íntegra o artigo premiado.

O prêmio

Os resultados da 6ª edição do Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero foram divulgados na última segunda-feira, 29, na página do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT), que é responsável pelo prêmio em parceria com a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM/PR), o Ministério da Educação (MEC) e o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (UNFEM).

Criada em 2005, a premiação acontece por meio do concurso de redações para estudantes do ensino médio e de artigos científicos para estudantes de graduação e graduados, com o objetivo de estimular a produção científica e a reflexão acerca das relações de gênero no país e promover a participação das mulheres no campo das ciências e carreiras acadêmicas. Busca também contribuir para a construção de um ambiente democrático de discussão nas escolas e universidades de todo o país sobre as desigualdades existentes entre mulheres e homens e incentivar os alunos e alunas a produzirem textos sobre o tema.

O grande destaque desta edição foi o aumento do número de redações e artigos científicos inscritos. No total foram 4.560 trabalhos enviados para concorrer ao prêmio. Foram recebidos 609 artigos científicos divididos nas categorias Mestre e estudante de doutorado; Graduado; Especialista e estudante de mestrado, e Estudante de graduação, além das categorias Estudante de ensino médio e Escola promotora da igualdade de gênero.

Programa Ações Afirmativas na UFMG
Faculdade de Educação – FaE /UFMG
Av. Antônio Carlos, 6627 – Pampulha
Belo Horizonte/MG CEP: 31.210-901
Tel.: (31) 3409-6188
Horário de atendimento: segunda a sexta de 14 às 18 horas
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