Ilhéus, urgente: Racismo, intolerância religiosa, violência contra a mulher, abuso de autoridade e tortura

Sábado, 23 de outubro de 2010, por volta das 14: 00 hora, um pelotão da Polícia Militar da Bahia, invadiu o assentamento D. Helder Câmara, em Ilhéus, levando a comunidade de trabalhadores e trabalhadoras rurais a viverem um momento de terror, tortura e violência racial.

Os fatos: ao ser questionado pela coordenadora do assentamento e sacerdotisa (filha de Oxossi) Bernadete Souza sobre a ilegalidade da presença do pelotão da polícia na área do assentamento, por ser este uma jurisdição do INCRA – Instituto Nacional e Colonização de Reforma Agrária, e, portanto, a polícia sem justificativa e sem mandato judicial não poderia estar ali, menos ainda, enquadrando homens, mulheres e crianças sob mira de metralhadoras, pistolas e fuzil, o que se constitui numa grave violação de direitos humanos, o comandante, alegando “desacato a autoridade”,  autorizou que Bernadete fosse algemada para ser conduzida à delegacia. Neste momento, o orixá Oxossi incorporou a sacerdotisa, que algemada foi colocada e mantida pelos PMs Júlio Guedes e seu colega, identificado como “Jesus”, num formigueiro onde foi atacada por milhares de formigas, provocando graves lesões, enquanto os PMs gritavam que as formigas eram para “afastar satanás”.

Quando os membros da comunidade tentaram se aproximar para socorrê-la, um dos policiais apontou a pistola para cabeça da sacerdotisa,  ameaçado que se alguém da comunidade se aproximasse ele atirava. Spray de pimenta foi lançado contra os trabalhadores.

O  desespero tomou conta da comunidade; crianças choravam, idosos passavam mal. Enquanto Bernadete (Oxossi)  algemada, era arrastada pelos cabelos por quase 500 metros e em seguida  jogada  na viatura, os policiais, numa clara demonstração de racismo e intolerância religiosa, gritavam “fora satanás”! Na delegacia da Polícia Civil para onde foi conduzida, Bernadete ainda incorporada e bastante machucada, foi colocada algemada em uma cela onde havia homens, enquanto policias riam e ironizavam que tinham chicote para afastar “satanás”, e que  os Sem Terras fossem se queixar ao Governador e ao Presidente.

A delegacia foi trancada para impedir o acesso de pessoas solidárias a Bernadete, enquanto os policias regozijavam. Segundo os presentes no assentamento, além dos ataques a Oxossi (incorporado em Bernadete), os policiais também empurraram Obaluaê, manifestado em outro sacerdote, atirando o mesmo nas máquinas de bombear água. Os policias militares registraram na delegacia que a manifestação dos orixás na sacerdotisa Bernadete era insanidade mental.

A comunidade D. Hélder Câmara exige Justiça e punição rigorosa aos culpados e conclama a todas as Organizações e pessoas comprometidas com a nossa causa.

Contra o racismo, contra a intolerância religiosa, contra a violência policial, contra a violência à mulher! Pela reforma agrária e pela paz!

Projeto de Reforma Agrária D. Hélder Câmara

Ylê Axé Odé Omí Uá.

Enviado por AATR.

Comments (2)

  1. Com todo respeito que lhe é devido, permita-me descordar.
    Não não negra e,nem por isso,sou reflexo daquilo que a senhora afirma que todo branco é, sua fala é, também, manifestação de intolerância e, por que não dizer, de profunda falta de respeito. Não dissemine o ódio racial, nem propague a violência, atitudes que a senhora mesmo, aqui põs-se a criticar. Atos como estes de que foi vítima mãe Bernardete são advindos de pessoas ignorantes, brutas e, pessoas assim, existem em qualquer grupo, em qualquer etnia, e qualquer povo. Assim como ter a pele negra não é sinônimo de se possuir um bom caráter, ser branco também não é. Somos humanos,com toda a imperfeição que nos é peculiar, todos, independentemente da cor pele.
    Quanto aos que fizeram essa atrocidade, que Deus e Orixá tenham misericódia; quanto a nos, que sejamos racionais, que venhamos a sair da inércia, do falar por falar, das propostas de “Lei de Talião” e façamos algo realmente válido e capaz de mudar nossa realidade, tomememos nosso acento na vida pública, tomemos o espaço que nos é devido, lutemos sim para garantir educação de qualidade, garantia ÚNICA de uma vida digna, garantai ÚNICA de construção de uma democracia onde a pluralidade cultural e religiosa seja respeitada, somente assim poderemos criar mecanismos para impedir que coisas como estas se repitam.
    Não será com ódio, violência ou desrespeito que vamos aprender o sentido da dignidade.

    Axé.

  2. Todos nós negros sabemos que os brancos são racistas e discriminadores, o difícil são esses brancos se declararem racistas. Então, mais uma vez temos que elogiar o comandante da policia da bahia, que através do seu comandante de ilhéus, como sempre mandam, por causa do seu racismo e discriminação, só matar, bater, humilhar os negros e distruir tudo que é dos negros. Com isso, lógico, depois de eleito, o Jacques Wagner, assume o quanto é racista, pois que através do comandante da policia bahiana, coloca em evidencia todo o seu racismo. Mais o Wagner está certo. Somos nós negros que temos que tomar vergonha na cara, pois somos a maioria e nós que colocamos brancos racistas, e negros capitães-do-mato, para continuarem nos matar.Nós negros não aprendemos que a policia bahiana é racista e é preparada para matar negros, principalmente os jovens, ela representa todos os brancos bahianos. Branco compra tudo, pode tudo. Como o branco que tem dinheiro. Manda quem tem dinheiro, obedece quem não tem. Se o Jacques Wagner não mandar exterminar todos os negros, daqui há anos, e dois para prefeito, a gente espera por eles no voto. Não tenho medo de morrer, vejo que policia não mata os negros toda hora, é todo minuto, vou ter medo de morrer porquê.

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