Criminalização de movimento comunitário no rio Tapajós, no Pará

Não podemos calar diante dos crimes da Eletronorte aqui no rio Tapajós. Por isso, utilizamos o respeitado site IHU para que o Brasil e o mundo saibam o que ocorre nestes dias aqui em nossa região”, escreve Edilberto Sena, oordenador da Rádio Rural AM de Santarém no Pará e membro da Frente em Defesa da Amazônia (FDA).

Alguns devem já saber que o Ministério das Minas e Energia, através de sua subsidiária  ELETRONORTE tem um perverso plano de construir inicialmente cinco grandes hidroelétricas na bacia do rio Tapajós, aqui no Pará. Até hoje nunca procurou a sociedade regional e as comunidades ribeirinhas, nem o povo indígena Munduruku para dialogar e sentir se nós concordamos com tal plano. Para nós é um plano criminoso, porque vai destruir vidas humanas, vidas animais e vegetais, vai comprometer totalmente a dinâmica dos rios da região e portanto o meio ambiente.

Pois bem, esse plano que vem sendo elaborado, pesquisado, recebendo aprovação lá em Brasília, agora chega mais perto das comunidades de São Luiz do Tapajós, Pimental, Mangabal, Jacarecanga, entre outras comunidades, invadindo as comunidades, fazendo medições de terra e água, sem nunca pedir licença aos legítimos donos das terras onde vivem há mais de 100 anos.

Nestas últimas semanas ocorreu um fato político, espontâneo de resistência na comunidade Pimental, acima de São Luiz do Tapajós. Funcionários enviados pela Eletronorte entraram na comunidade, fizeram demarcação de alguma coisa e fixavam marcos de cimento, quando um grupo de comunitários abordou os forasteiros indagando com que ordem estavam invadindo seu território. Responderam que estavam ali com ordem do presidente. O grupo entendeu que tinha sido o presidente da comunidade e foram a ele, já irritados. Este respondeu que não sabia de nada e não dera ordem nenhuma a forasterios. O grupo cresceu de mais comunitários e voltaram já indignados com as mentiras dos funcionários, quando estes disseram que estavam ali com ordens do Presidente da República e que não tinham que dar satisfação a ribeirinho nenhum.

Então o grupo que juntara mais moradores indignados arrancou os marcos de cimento e os quebraram, expulsando os funcionários da comunidade. Estes vieram até Itaituba e registraram Boletim de Ocorrência contra a comunidade, já que não sabiam nome de algum membro da mesma.

No dia seguinte chegou uma equipe representando a comunidade de Pimental em Itaituba e deram sua versão dos acontecimentos, a esta hora distorcidos pelos funcionários e por um vereador, oportunista e vendido à defesa da Eletronorte, os chamou de vândalos criminosos.

Os movimentos sociais em defesa do rio Tapajós estão manifestando apoio aos moradores de Pimental e buscando advogado para processar a Eletronorte por invasão de soberania territorial. Tal fato revela a estratégia da Eletronorte: agir na surdina, criar o fato consumado, crimiminalizar qualquer resistência popular e destruir povos, rios, meio ambiente para colocar grandes fontes de energia para servir à grandes projetos dentro e fora da região, como ALCOA, RIO TINTO, MINERAÇÃO RIO DO NORTE e outras que vorazmente se instalam na exploração de bauxita, ouro, calcário e outros minérios abundantes em nossa região.

A sociedade brasileira, o governo federal, o Ministério de Minas e Energia precisam saber que no Pará, se existem os políticos ficha suja, os incompetentes, existe também um povo que tem dignidade e luta por respeito a seus direitos. E quem compreender os direitos dos povos amazônicos é convidado(a) a manifestar seu apoio moral e eficaz  à nossa resistência, começando com o apoio à comunidade Pimental no alto rio Tapajós. Como diz a cantiga – “Quem gosta de nós somos nós e aqueles que nos vêm ajudar, por isso confia em quem luta, que a história não falha nós vamos vencer”.

http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=37617

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.