Por Cristina Laura
Juazeiro – Jogado diretamente nas águas do Rio São Francisco em quase toda a extensão da orla fluvial da cidade de Juazeiro (a 500 km de Salvador), o esgoto é descartado em ligações clandestinas em volume crescente e sem controle.
A prefeitura tinha um prazo de seis meses estabelecido pelo Ministério do Meio Ambiente para interromper todas as ligações de poluentes urbanos com o São Francisco, dentro das exigências estabelecidas para a realização das obras de saneamento do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), mas não conseguiu cumprir.
De acordo como engenheiro do Serviço Autônomo de Água e Esgotos de Juazeiro (Saae), José Oliveira, um trabalho de manutenção foi iniciado no ano passado, quando foram fechados pelo menos 15 esgotos, mas o serviço ficou incompleto.
Ele diz que o trabalho foi dificultado pela quantidade de ligações clandestinas feitas nas caixas pluviométricas.
“Ali só deveria escoar água de chuva. Não tivemos como localizar as ligaçõe sem sua origem para ter como desligá-las”, argumentou. O engenheiro do Saae afirma que não há como estimar quantos metros cúbicos de água suja dos esgotos clandestinos são jogados no rio por dia, mas espera sanar o problema com aquisição de um equipamento que vai monitorar a rede dentro das galerias por meio de uma microcâmera.
“Existe uma empresa em São Paulo que possui esse aparelho e entraremos em contato para tentar resolver essa situação. Só assim teremos como dizer quantas e de onde vêm as ligações clandestinas.
Temos conhecimento dos esgotos da orla e do prazo do PAC, que já está no final”, disse o engenheiro José Oliveira. O secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Juazeiro, Agnaldo Meira, assegura que existem projetos de combate à poluição do rio, como o Meu Rio, Minha Vida, lançado no Dia do Meio Ambiente, no ano passado, mas admite que é preciso fiscalizar melhor.
No bairro Angary, onde vivem principalmente pescadores, a situação é mais crítica, e, segundo os moradores, os canos que despejam a sujeira tão próximo às residências e poluem o rio existem há muitos anos.
Jornal A Tarde, 14/07/2010