Marcha de camponeses e indígenas chega hoje à capital panamenha

Karol Assunção *

Adital – Após 13 dias de caminhada, dirigentes e representantes de organizações campesinas e de povos indígenas chegam hoje (21) a Cidade do Panamá, capital do país centro-americano. A expectativa é que os marchantes cruzem a Ponte das Américas às 15h (17h, em Brasília) e continuem a caminhada até a Presidência da República. A marcha faz parte da celebração dos 39 anos de desaparecimento do sacerdote colombiano Héctor Gallego.

Organizada pela União Indígena Camponesa (UIC), com a participação de diversas entidades indígenas e camponesas do Panamá, a marcha saiu no dia 9 de junho de Santiago de Veraguas rumo à capital panamenha. Na bagagem, os manifestantes carregam uma série de demandas que serão encaminhadas ao mandatário panamenho.

Entre elas estão: defesa da vida, das matas, rios e natureza; resposta do governo de Ricardo Martinelli a respeito das mais de 7.000 assinaturas – entregues em 2009 durante a mobilização dos Povos Originários, Campesino e Popular – de pessoas que rechaçaram os projetos de mineração; e cesse dos projetos mineiros e hidroelétricos que se desenvolvem atualmente em diversas comunidades camponesas e de povos originários.

Além disso, querem o fechamento indefinido de todos os projetos mineiros, e são contrários ao aumento da cesta básica e da “Lei 9 em 1”, a qual, segundo eles, entre outros pontos: elimina os estudos de impacto ambiental, promove a impunidade entre membros da polícia nacional, e elimina o direito à greve.

Héctor Gallego

Não foi por acaso que 9 de junho foi a data escolhida para a saída da marcha rumo a Cidade do Panamá. Foi justamente nesse dia, há 39 anos, que o sacerdote colombiano Héctor Gallego desapareceu. Segundo informações do Comitê de Familiares de Desaparecidos do Panamá Héctor Gallego (Cofadepa – HG), no dia 9 de junho de 1971, unidades da Guarda Nacional, enviadas por ordens superiores, sequestraram padre Gallego, quem estava em um rancho em Santa Fé de Veraguas.

A trajetória de vida de Gallego foi marcada pela luta a favor da conscientização, unidade e organização de camponeses e camponesas que viviam em condições de opressão socioeconômica. Luta essa que rendeu frutos e prossegue até os dias de hoje, conforme UIC destacou em comunicado divulgado no dia do aniversário de desaparecimento do sacerdote.

“Nossa luta de hoje não é mais do que a continuidade da luta que realizou Héctor Gallego há mais de 40 anos e que pôs temor aos poderosos de então, que seguem sendo os mesmos poderosos de hoje (com rostos diferentes). São estes poderosos que fizeram desaparecer Padre Héctor […], os mesmos que hoje aprovam leis anti-populares, cerceiam o direito legítimo ao protesto social com prisões, aumentam de 5% a 7% o imposto que o sofrido povo paga, eliminam o direito à greve dos trabalhadores e pretendem eliminar o domingo como dia de descanso obrigatório para favorecer seus apetites exploradores e de riquezas a custa do sacrifício do povo panamenho”, afirmou.

* Jornalista da Adital

http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=48769

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