Diversidade marca encontro quilombola de Pelotas

Os esforços pelo reconhecimento e consolidação das comunidades rurais quilombolas da região sul foram o grande foco, mas o que chamou a atenção durante o 4º Encontro Regional Quilombola – primeira vez em Pelotas – foi a diversidade cultural empregada como instrumento de conquistas. Música, dança e muita criatividade artesanal reuniram mais de 700 pessoas, durante todo o sábado (17), no encontro promovido pelo Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (Capa).

Dentre batuques de tambores e acordes de berimbaus, homenagens às comunidades quilombolas contempladas com a certidão de Autodefinição da Fundação Cultural Palmares, palestras e prestações de serviços, o evento marcou também o lançamento do catálogo das Redes de Artesanato Quilombola.

O material reúne uma coleção de produtos artesanais como cestos, quipes, balaios em fibras e palhas, tapeçaria, bolsas e biojóias confeccionados por 35 artesãos rurais de 11 comunidades atendidas pelo Capa.

– É o resultado de seis anos de construção desta rede, de um trabalho de troca de saberes e técnicas que estavam à beira do esquecimento. Primeiro buscamos resgatar essas práticas, e, em um segundo momento, transformamos esse resgate em fonte de renda – ressaltou a técnica do Capa e apoiadora da Rede, Daniela Lessa.

Quem passou a contar com o catálogo produzido em versão impressa e também digital, ambas ilustradas, vê no recurso uma forma de valorizar e difundir o artesanato.

– Isto facilita a divulgação da rede e favorece a nossa participação em outros eventos – analisou o artesão Eliezer Danilo Melo, da comunidade Maçambique de Canguçu. A Rede criada também resultou na consolidação da marca Artesanato Quilombola.

O encontro teve ainda mostra etnofotográfica, espaço infantil com o Encontrinho Quilombola e serviço de orientação à comunidade, disponibilizado pelo Balcão da Cidadania através da Defensoria Pública da União em Pelotas, com cerca de 50 atendimentos.

– Foi sem dúvida um grande momento. Principalmente por ter acontecido pela primeira vez aqui em Pelotas, cidade foco da disseminação desta cultura no passado. Este encontro reafirma a organização destas comunidades que com estas novas técnicas se fortalecem para enfrentarem as dificuldades e melhorarem suas condições de vida – avaliou a coordenadora do Capa, Rita Surita.

Participação angolana é destaque

Alvo de muitos olhares curiosos e inúmeros pedidos de poses para fotografias, a dupla de intercambistas angolanos que participou do evento pautaram suas falas na troca de experiências, especialmente no setor da agricultura familiar e na importância da unidade nas comunidades.

Ao acompanhar as demais participações, com um chimarrão na mão, o visitante africano que é diretor da Ong Associação Construindo Comunidades (ACC), Domingos Fingo exemplificou a integração com a bebida símbolo dos gaúchos:

– não tem um gosto muito definido, é bastante amargo, mas é impressionante como esta bebida é sinônimo de fraternidade e unidade. As pessoas bebem juntos, compartilham, é um verdadeiro espírito de irmandade, tem tudo a ver com a proposta dos quilombos – comparou Fingo dizendo que vai levar cuia, bomba e uma muda de erva mate para a Angola.

Por Pelotas Mais

Comments (3)

  1. minha pesguisa do ultimo ano do ensino medio,2011. Sobre Quilombo de Pelotas e Regiao.
    Escrevi a mao, abraços!

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