Mapa reúne denúncias de conflitos ambientais e de saúde no Brasil

Principais conflitos do Rio de Janeiro

Socializar informações, dar visibilidade a denúncias e permitir o monitoramento de ações e projetos que enfrentem situações de injustiças ambientais relacionadas à saúde em diferentes territórios e populações das cidades, campos, florestas e zonas costeiras são os principais objetivos do Mapa de conflitos envolvendo injustiça ambiental e Saúde no Brasil. O projeto é resultado de um trabalho desenvolvido em conjunto pela Fiocruz e pela ONG Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase), sob a coordenação geral do pesquisador da ENSP Marcelo Firpo Porto e coordenação executiva de Tania Pacheco. O lançamento, no Rio de Janeiro, acontecerá na quarta-feira (14/4), no Auditório do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana da ENSP, sala 32, às 14 horas.

O objetivo principal do mapa, que tem apoio do Departamento de Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, é participar da luta de inúmeras populações e grupos atingidos em seus territórios por ações governamentais e projetos de desenvolvimento que impactam desigualmente grupos sociais vulnerabilizados pelo preconceito e pela desigualdade social. Os conflitos foram levantados tendo por base, principalmente, as situações de injustiça ambiental discutidas em diferentes fóruns e redes a partir do início de 2006, em particular a Rede Brasileira de Justiça Ambiental e seus grupos de trabalho.

Segundo o coordenador geral do projeto, o mapa não se reduz a listar territórios onde riscos ambientais afetam diferentes populações, mas sim tornar públicas e ampliar as vozes nas lutas por justiça ambiental de populações frequentemente discriminadas e invisibilizadas pelas instituições e pela mídia. Foram reunidos cerca de 300 casos distribuídos por todo o país e georreferenciados. A busca dos conflitos pode ser feita por unidade federativa (UF) ou por palavra-chave. “O mapa está disponibilizado na internet com um sistema georrefenciado e de buscas vinculado ao GoogleEarth, de tal forma que qualquer cidadão possa ter acesso a detalhes sobre a situação de injustiça ambiental, sobre a região ou tema específico que lhe interessar, como o estado ou município, o tipo de população, o processo produtivo, o problema de saúde etc.”, revelou.

Ainda de acordo com os pesquisadores, a própria população poderá auxiliar seu crescimento. “Não consideramos o mapa ‘fechado’. Ele pertence a todos os interessados na construção de uma sociedade socialmente justa e ambientalmente sustentável, e é o momento inicial de um novo espaço para denúncias, para o monitoramento de políticas públicas e, ainda, de desafio para que o Estado, em seus diversos níveis, responda às necessidades da cidadania”, destacou. Além disso, o mapa estimula, a partir de casos concretos, a pensar nos desafios e alternativas para a construção de um novo modelo de desenvolvimento baseado no respeito à natureza e à dignidade humana.

“O atual modelo, inserido no capitalismo globalizado e baseado no agronegócio e cadeias de produção de commodities rurais (como a soja e a cana para etanol) e metálicas (como o minério e o aço), atende critérios econômicos de curto prazo e favorece grandes corporações e atores econômicos. Em outras palavras, desenvolvimento para quê e para quem? Por exemplo, para quê, para quem e de que forma produzir e exportar aço ou petróleo, ao mesmo tempo em que as cidades se poluem e se congestionam, os pescadores deixam de ter seu sustento em rios e baías degradados, como nas baías de Sepetiba ou da Guanabara, e bairros de periferia sem infraestrutura básica são formados nesses territórios? Se o desenvolvimento vulnerabiliza os mais vulneráveis e degrada a natureza, qual seu sentido? Não se trata de uma gestão ambiental mais eficaz, mas, acima de tudo, mais cidadã e solidária. E isso significa também que voltemos aos princípios da Saúde Coletiva na construção, ainda contra-hegemônica, de uma prática científica mais popular, crítica e solidária. É nesse contexto que se insere o mapa”, acrescentou.

O lançamento terá a presença do vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz (VPAAPS/Fiocruz), Valcler Rangel Fernandes; do diretor da Escola Nacional de Saúde Pública, Antônio Ivo de Carvalho; dos coordenadores do mapa, Marcelo Firpo e Tania Pacheco, do diretor do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador da Secretaria de Vigilância em Saúde do MS, Guilherme Franco Netto; da diretora da Fase, Fátima Mello; além de alguns representantes de movimentos sociais e populações atingidas. O evento será aberto ao público.

http://www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/informe/materia/?origem=1&matid=21024

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