QUAL VALE VOCÊ CONHECE?
A da propaganda, todos já viram. Uma empresa de funcionários sorridentes, trabalhando a serviço do “progresso” do país, investindo na preservação do meio ambiente e no “desenvolvimento” para o povo brasileiro.
Mas peraí!… Será que a coisa é bonitinha assim desse jeito?
Quais são os danos causados pela atuação da Vale? Quais as conseqüências para a região e para as populações locais? Qual é a postura da mineradora diante das reivindicações de comunidades atingidas e de trabalhadores sindicalizados? Quais os crimes cometidos nesses processos? E, por fim: de que maneira altos círculos do poder político e econômico se articulam para que empreendimentos gigantescos sejam viabilizados a qualquer custo, independente de irregularidades e de violações de direitos?
Essas perguntas tem que ser respondidas antes do próximo comercial da TV!
Do dia 12 ao dia 15 de abril de 2010, cerca de cento e cinqüenta pessoas de diferentes nacionalidades estarão reunidas no Rio de Janeiro para discutir a atuação da Vale e os violentos impactos socioambientais causados nos mais de vinte países em que está presente. O I Encontro Internacional dos Atingidos pela Vale será a consolidação de uma rede formada por movimentos, sindicatos e organizações dos cinco continentes.
MAS, AFINAL, QUEM SOMOS?
Melhor seria perguntar: por que somos? De onde nasce a urgência de protestar e lutar contra as ações de uma das empresas mais poderosas do mundo?
Se hoje nos unimos, é justamente porque conhecemos de perto o que existe para além da propaganda da Vale. Se nos articulamos, trocamos experiências e lutamos em conjunto, é porque percebemos que por trás do discurso da empresa está a sua agressividade e seu poder destrutivo. Sabemos, por exemplo, que o papo de “sustentabilidade” tenta esconder os irreversíveis impactos causados ao meio ambiente; que a história de “responsabilidade social” é contada para ocultar o desrespeito aos direitos das comunidades atingidas pelos empreendimentos da Vale; que a divulgação da imagem de funcionários satisfeitos não apaga o desrespeito a leis trabalhistas nem a intransigência e a arrogância no trato com trabalhadores sindicalizados.
No verso do bonito quadro vendido na TV e nas revistas, atrás da empresa compromissada com a vida e com o “desenvolvimento” do país, encontramos a obsessão transnacional pelo lucro e pela máxima concentração de riquezas. Encontramos desrespeito, injustiça, pobreza, sofrimento, morte.
É por isso que somos.
Somos famílias inteiras desrespeitadas, sem acesso a alguns dos direitos mais fundamentais;
somos trabalhadores explorados em minas de ferro, carvão, níquel, cobre;
somos sindicalistas, ambientalistas, feministas, políticos;
somos estudantes, somos professores;
somos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, pescadores, trabalhadores rurais;
somos despejados, removidos, desabrigados, refugiados;
somos migrantes, homens, mulheres e crianças arrancados do chão que pariu e alimentou suas famílias;
somos cidadãos enganados, desempregados, favelados, marginalizados, doentes;
somos sem terra, sem teto, sem trabalho, sem futuro.
Somos brasileiros, chilenos, peruanos, argentinos, moçambicanos, canadenses… Indignados com o saque cotidiano de riquezas que pertencem a nossos povos.
Somos todos lutadores sociais em busca de um desenvolvimento que alcance de forma igualitária a todos os cidadãos e respeite verdadeiramente o meio ambiente, os direitos humanos e a vontade própria das comunidades tradicionais.
E juntos trabalhamos intrumentos e estratégias comuns para expor a verdadeira Vale, contestar seu poder absoluto e fortalecer os trabalhadores e todas as populações atingidas por suas ações.
ACOMPANHE AS CARAVANAS DOS ATINGIDOS PELA VALE!
Nos próximos dias, durante esta semana de preparação para o início do Encontro, vamos propor um roteiro diferente daquele ensaiado nos filmes publicitários da Vale. Sem maquiagem ou cenografia artificial – e sem dinheiro para comprar grandes espaços em grandes meios de comunicação – o blog Atingidos pela Vale acompanha as Caravanas Internacionais dos Atingidos pela Vale e mostra algumas das histórias ofuscadas nos bastidores do discurso oficial da empresa.
A idéia das Caravanas surgiu da vontade de proporcionar aos grupos o contato com diferentes realidades e a troca de experiências de resistência e luta. São dois percursos que atravessam regiões seriamente impactadas pela ação da Vale. Em Minas Gerais, o roteiro inclui cidades como Itabira, que sofre com os altíssimos índices de poluição causados pela extração de ferro. Já a caravana Pará-Maranhão cruza o chamado eixo Carajás, região onde a Vale coleciona empreendimentos milhonários e violações de direitos humanos.
Os dois grupos se encontram para a abertura do encontro na segunda-feira, dia 12, em Sepetiba, no Rio de Janeiro, onde a Vale participa da construção de mais uma siderúrgica, a CSA, que impactou violentamente a vida de centenas de famílias de pescadores artesanais da Baía de Sepetiba.
Fonte: Justiça Globalhttp://atingidospelavale.wordpress.com/