Investigações apontam grupo de extermínio com participação de PMs na Grande SP

Do UOL, em São Paulo*

Dois policiais militares estão presos sob suspeita de participar de um grupo de extermínio que promoveu uma chacina em Carapicuíba e em Osasco (ambos na Grande SP) na semana passada, segundo reportagem do SBT Brasil exibida nesta terça-feira (23). Doze pessoas foram baleadas e quatro morreram. Nenhum dos atingidos tinha passagem pela polícia.

Os PMs estão detidos nas dependências da Corregedoria da Polícia Militar depois que foram encontradas toucas ninjas e munições compatíveis com as usadas na chacina, ocorrida entre a noite de quarta-feira (17) e a madrugada de quinta (18). Também na Grande SP, em Guarulhos, ação de grupo de extermínio com participação de policiais militares é investigada: em 9 meses, 80% dos assassinatos tiveram participação de policiais, apontam investigações.

No boletim de ocorrência consta que, apesar de as vítimas terem sido mortas a tiros, não foram encontrados projéteis na cena do crime. Uma força-tarefa com 12 delegados da Polícia Civil foi criada para investigar os crimes.

De acordo com a reportagem, pelo menos 20 pessoas foram mortas em uma série de chacinas que teriam ocorrido com participação de grupos de extermínio desde outubro passado. Em algumas das chacinas foi comprovado o uso de balas de um lote comprado pela PM.

Os assassinatos na região começaram logo após a morte de um traficante local. Em represália, outro traficante, conhecido como Rodrigo Bonitão, teria ordenado a morte de um policial militar, o que poderia ter desencadeado a reação dos grupos de extermínio

Ainda segundo a reportagem, investigadores afirmaram que os locais das chacinas foram escolhidos de propósito para espalhar medo perto dos pontos de venda de droga onde Rodrigo Bonitão atuava.

Por conta das mortes, moradores vivem uma rotina de medo na região. Maridos estão indo buscar as mulheres em pontos de ônibus. Muitos moradores pedem para sair mais cedo do trabalho para não chegarem nos bairros em horários críticos. Um morador entrevistado disse que, após às 20h, ninguém permanece nas ruas.

Grupos atuariam também em Guarulhos

Outra reportagem exibida hoje no SBT Brasil também indica o envolvimento de PMs em grupos de extermínio em Guarulhos (Grande SP). A reportagem teve acesso ao conteúdo de uma câmera de segurança que registrou a movimentação de três homens na rua Taió, em Cumbica, na noite de 26 de fevereiro.

O trio chega ao local em um Celta cor prata, às 20h59. Nove minutos depois, os três descem do carro e lavam as mãos na água que corria pela sarjeta. Segundo investigadores da Polícia Civil, um deles usa uma bota e, por baixo de uma blusa, uma farda da PM.

Nesta noite, o trio matou dois homens que estavam em um bar. No trajeto de volta para o carro, mais três pessoas foram mortas em um ponto de ônibus. Após os crimes, o grupo caminha lentamente até o carro e deixa o local. Minutos depois, um carro da PM passa pela rua, mas não socorre ninguém.

As investigações da Polícia Civil indicaram que quatro carros da PM estavam em ruas ao redor do local do crime. Naquela noite, foram seis assassinatos em Guarulhos num intervalo de 15 minutos, de acordo com a reportagem.

Desde de 23 de junho de 2012, foram registrados em Guarulhos 42 homicídios com características idênticas: homens usando armas grosso calibre e tiros certeiros. As ações deixaram ainda 40 feridos e dois desaparecidos.

Ainda de acordo com a reportagem, números e provas colhidas no local dos crimes mostra que um grupo de extermínio atua na região. Policiais civis estimam que 80% de todos os assassinatos ocorridos em Guarulhos nos últimos nove meses foram cometidos por PMs, de acordo com a reportagem.

Governador fala em ‘tolerância zero’

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou hoje que o Estado tem adotado “política de tolerância zero” em relação a policiais envolvidos em grupos de extermínio. O tucano, no entanto, não informou quantos PMs estão sendo investigados.

“Em comparação com 2012, este ano teve queda de 30% de mortes em confronto com a polícia, é uma forte redução”, avaliou. “Infelizmente os bandidos estão muito armados e muito violentos; a polícia tem que agir com ações de tecnologia, segurança e informações. Estamos no rumo certo”, completou.

*Com reportagem de Janaina Garcia

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Enviada por José Carlos para Combate Racismo Ambiental.