A articulação nacional dos comitês populares da Copa elaborou um dossiê, divulgado ontem, no qual estima que entre 150 mil e 170 mil pessoas sejam despejadas devido às obras do Mundial e da Olimpíada do Rio, em 2016.
A reportagem é de Mariana Bastos e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 13-12-2011.
O relatório critica ainda as três esferas de governo por falta de transparência. Segundo os comitês, não há estimativa oficial sobre o número total de despejos.
O dossiê alerta para a “faxina social” nos locais onde ocorrem e ocorrerão as obras para os grandes eventos.
“São aplicadas estratégias de guerra e perseguição”, afirma o documento, que se baseia em relatos dados em 21 vilas e favelas de Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo.
O documento relata que nos despejos houve marcação de casas a tinta sem esclarecimentos, invasão de domicílios sem mandados judiciais, destruição de bens móveis, ameaças a moradores e corte de serviços públicos.
Reivindicações
Em pelo menos 7 das 12 cidades-sedes, os comitês organizaram ontem atos públicos para entregar cópias do dossiê e uma carta de reivindicações às prefeituras.
A carta defende o “despejo zero” na Copa e na Olimpíada e repudia a Lei Geral da Copa e o Ato Olímpico, que segundo o texto criam um “estado de exceção”, uma vez que promoverão a flexibilização das leis para atender exigências da Fifa e do Comitê Olímpico Internacional.
“Até agora, não é evidente que o legado da Copa e da Olimpíada contribua minimamente para a inclusão social e ampliação de direitos sociais, econômicos, culturais e ambientais”, diz a carta, lembrando o risco de repetição do “desperdício de recursos públicos” que houve com o Pan do Rio-2007.
Cerca de R$ 30 bilhões devem ser investidos em obras nas 12 cidades-sedes da Copa. Na Olimpíada, a conta inicial, apresentada em 2009, era de R$ 28,8 bilhões.
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