Assista ao vídeo que o pessoal do Cinema de Rua fez um dia depois do incêndio:
Por Raquel Rolnik*
Na noite do último sábado um incêndio atingiu duas favelas no Jaguaré, zona oeste de São Paulo. Não foi a primeira vez que isso aconteceu. Há dois anos, uma delas já tinha sido atingida por um incêndio.
Hoje de manhã, menos de três dias depois, uma construtora já está no local preparando o canteiro de obras para a construção de edifícios na área. Não deu tempo nem de terminar o rescaldo. Este edifícios fazem parte de um projeto de reurbanização do local, mas as famílias que foram atingidas pelo incêndio não estão incluídas entre os beneficiários destas novas moradias.
As pessoas que tiveram suas casas incendiadas receberam da Prefeitura cobertores e cestas básicas. E só. As famílias estão hoje improvisando abrigos no meio das ruas e das calçadas.
Segundo os moradores, a proposta da Prefeitura de pagar aluguel social por dois anos ou R$ 1500,00 pelo barraco não resolve o problema habitacional da comunidade.
Há suspeitas de que os sucessivos incêndios em favelas, especialmente em áreas que estão em litígio ou onde já existem projetos previstos, sejam criminosos. Essa é uma questão que precisa ser apurada e, se confirmada, os responsáveis precisam ser punidos. Vale a pena saber também se alguma apuração foi feita com relação aos demais incêndios que já ocorreram nas favelas em São Paulo.
Hoje à tarde haverá uma reunião entre a Prefeitura e os moradores. Espero que a Prefeitura apresente uma proposta sustentável, que garanta a todos o direito à moradia digna.
*Raquel Rolnik é urbanista, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e relatora especial da Organização das Nações Unidas para o direito à moradia adequada.
Mais um incêndio em favela de São Paulo, mais famílias sem teto