O cacique da Reserva Indígena de São Jerônimo da Serra, João da Silva, 37 anos, denunciou na tarde desta segunda-feira (12) ao Ministério Público Federal (MPF), alguns policiais militares por ação violenta durante invasão à sua residência na aldeia para busca e apreensão de armas. Ao fim da operação, os policiais encontraram duas espingardas e prenderam o cacique por porte ilegal de armas.
Segundo o coordenador técnico da Funai de Londrina, Castorino Almeida, a Polícia Militar não poderia ter feito esta operação em área federal. “Se tinham uma denúncia contra o cacique, eles deveriam ter comunicado a Funai ou a Polícia Federal para que acompanhássemos a ocorrência”.
De acordo com relato do cacique ao coordenador do Funai, os policiais invadiram sua casa na madrugada de segunda-feira, por volta das 5h40, e de forma violenta, ameaçaram sua família, apontando armas para seus filhos e chutando seu irmão. Após vasculharem a casa, encontraram as armas e o levaram para a delegacia da cidade.
O cacique ficou preso por cerca de 4 horas e foi liberado após pagar fiança de R$ 600, informou o coordenador da Funai. Ele explicou que retirou as armas de um indígena que vinha fazendo ameaças a outro índio dentro da aldeia. Ele alega que apenas quis evitar uma tragédia.
Segundo relatório da Polícia Militar, após o recebimento de uma denúncia anônima, equipes da Polícia Militar e da Polícia Civil, foram durante a madrugada de segunda-feira a uma residência que fica próximo à reserva indígena de São Jerônimo da Serra e que lá encontraram duas espingardas e prenderam o proprietário da residência, o cacique João da Silva. De acordo com a PM, testemunhas relataram que minutos antes da prisão, o cacique havia efetuado disparos a esmo, quando dirigia seu veículo pela cidade.
O cacique e algumas lideranças indígenas formalizaram a denúncia ao MPF. A antropóloga Luciana Ramos, que recebeu a comitiva da reserva indígena, informou ao Bonde que a representação já foi encaminhada ao Procurador da República, João Akira Omoto, que deve avaliar o caso. “Eles não questionam a presença da PM na aldeia. Eles a acham benigna mas questionam a forma como foram tratados por determinados policiais. Segundo eles, a situação de ontem não é um caso isolado, o abuso por parte destes policiais vem de outras ocasões, também relatadas por eles na representação”, concluiu a antropóloga.
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