Advogado de estudante baiano recebeu duas cartas anônimas ameaçadoras
O delegado Zeferino Pereira Neto, da Polícia Civil de Jaguarão, investiga duas cartas recebidas pelo advogado Onir Araújo, nos dias 7 e 30 de junho. Araújo é o defensor do ex-estudante de História da Unipampa, Helder Santos, que foi agredido física e verbalmente por policiais militares durante o baile de escolha da corte do carnaval de Jaguarão, em fevereiro deste ano. Helder denunciou o ato de racismo e foi ameaçado, decidindo voltar para a Bahia, sua terra Natal.
Quatro policiais foram denunciados pelo Ministério Público Militar. A Justiça Militar deverá definir pela manutenção ou exoneração deles em seus cargos. Um dos denunciados, o sargento Carlos Ricardo Ávila, foi candidato a vereador pelo PT nas eleições de 2008, mas não foi eleito.
A pressão para que as investigações não continuem chegou ao escritório de Araújo, por meio de uma carta anônima, postada em Pelotas e com a ameaça de que iria morrer se continuasse as investigações. A segunda carta continha um pó branco no envelope e dizendo que, se alguém for preso, o advogado morrerá. Agora, as correspondências estão sendo periciadas, mas o delegado já adiantou que será difícil definir quem foi o autor.
“Se acontecer alguma coisa a mim ou a alguém da minha família, pode ter certeza que o Estado do Rio Grande do Sul é o culpado”, adverte Araújo.
Além disso, outra sindicância foi aberta pela Corregedoria da Brigada Militar, desta vez para investigar e-mails e comentários contendo ameaças a ativistas postados em sites de comunidades anti-racismo. Conforme Araújo, informações da BM dão conta que o e-mail funcional de um policial militar do alto escalão de Jaguarão teria sido utilizado a partir de um terminal na cidade de Rio Branco, no Uruguai.
O membro da ONG ABC sem Racismo, Dojival Vieira, cobra respostas rápidas das autoridades. “Além de ser um crime, é um ato de terrorismo praticado por funcionários públicos pagos com o nosso dinheiro”, reitera.
Passados quatro meses das denúncias, o secretário de Justiça e Direitos Humanos prossegue acompanhando o desenrolar dos fatos. Fabiano Pereira disse esperar a conclusão das duas investigações, da Polícia Civil e da Brigada Militar, para determinar o que irá fazer. “Precisamos do resultado desses dois procedimentos para poder agir”, pondera.
Onir Araújo enviou ofício à Secretaria de Segurança Pública solicitando a prisão preventiva dos quatro denunciados pelo Ministério Público. No entanto, a medida ainda depende de a Polícia Civil conseguir identificar o autor das cartas.
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