A terra não pode ser objeto de acumulação, especulação e privilégio de poucos, e sim um direito extensivo à todos para garantia da distribuição de renda, trabalho, cuidado ao meio ambiente e dignidade cidadã
O MST do estado do Mato Grosso do Sul soltou uma nota pública, na tarde desta quarta-feira (2), para denunciar a situação das mais de mil famílias acampadas na fazenda Saco do Céu, no distrito de Casa Verde, em Nova Andradina, após pedido de reintegração de posse.
“O direito patrimonial não pode sobrepor-se aos direitos de centenas de famílias, incluso com o intuito de usar a propriedade privada para a prática de grave violência, mesmo que via a utilização do aparato estatal. São direitos sociais coletivos em jogo, desrespeitados e violados”, afirmam em trecho da nota.
Desde o dia 21 de agosto de 2015 que as mais de mil famílias Sem Terra ocuparam a fazenda Saco do Céu e seguem resistindo aos processos de reintegração de posse e até mesmo a presença de milícias armadas em torno do acampamento.
Abaixo, confira a nota na íntegra
O MST do Mato Grosso do Sul vem por meio desta nota pública denunciar a situação que as mais de mil famílias acampadas na fazenda Saco do Céu, no distrito de Casa Verde, em Nova Andradina, estão passando, após pedido de reintegração de posse, por parte de Anely Conceição Liguori.
Nossas famílias, por determinação judicial, possuem apenas 4h para deixar o local e isso é impossível de ser cumprido, já que as mesmas estão acampadas, com seus barracos montados e precisam não só viabilizar transporte como uma nova localidade para se instalar, com condições de sobrevivência.
O direito patrimonial não pode sobrepor-se aos direitos de centenas de famílias, incluso com o intuito de usar a propriedade privada para a prática de grave violência, mesmo que via a utilização do aparato estatal. São direitos sociais coletivos em jogo, desrespeitados e violados. Direitos humanos de mil famílias, as quais não são responsáveis pela histórica criação e manutenção das injustas estruturas fundiárias e da alta concentração de terras em seu país onde reclamam o direito digno de trabalhar na terra.
Assim, a terra não pode ser objeto de acumulação, especulação e privilégio de poucos,e sim um direito extensivo à todos para garantia da distribuição de renda, trabalho, cuidado ao meio ambiente e dignidade cidadã.
A reintegração está marcada para esta quinta-feira, 3 de dezembro de 2015 e tememos que esse dia seja marcado por violência e quem sabe pelo sangue dos que lutam por justiça social e pelo direito a uma vida mais digna. Temos crianças e idosos no local e esperamos que tudo ocorra sem agressão física e nem moral.
Não tivemos se quer a chance de colher o que plantamos na terra e nosso clamor ao poder judiciário não foi atendido, quando solicitamos tempo para que isso fosse feito. A única certeza que temos é que a nossa luta continua!