Determinação de Washington Quaquá interrompe, nesta sexta, construção de emissário até a praia de Itaipuaçu
por Gustavo Schmitt – O Globo
O prefeito ainda acusou a Petrobras de esburacar ruas recentemente asfaltadas pelo município num trecho terrestre da obra de cerca de 11 quilômetros, entre Inoã e Itaipuaçu.
— A cidade não vai sofrer com esses transtornos sem receber nada em troca — disse Quaquá, ressaltando que não há previsão de retorno para as obras.
A Petrobras esclarece que os recursos de compensações relativas à obra do emissário de efluentes estão provisionados e devem ser investidos na área de influência direta do projeto. Segundo a empresa, a verba será repassada tão logo sejam acertadas as alternativas técnicas junto ao município.
AMBIENTALISTAS EM ALERTA
O duto da Petrobras também provoca polêmica entre ambientalistas, temerosos de que efluentes do complexo, que serão lançados a quatro quilômetros da orla, poluam as praias e a área marinha do Parque Estadual da Serra da Tiririca (Peset). Em junho, a liberação do licenciamento ambiental pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) reacendeu a discussão.
O alerta soou após o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) da obra emissário revelar que a Petrobras desistiu de fazer o despejo dos resíduos na Baía de Guanabara para não prejudicar a população de botos-cinza. O relatório atesta que o lançamento de efluente líquido levaria à alteração da qualidade da água da Baía, o que causaria degradação de forte intensidade. Segundo o documento, “esse fato aconteceria porque na baía existe uma dificuldade grande de troca de água e suas águas recebem esgoto há muito tempo”, diferentemente do mar de Itaipuaçu, onde não há tanto despejo de esgoto.
Mestre em Ciência Ambiental pela UFF e membro do conselho consultivo do Peset, Cássio Garcez demonstra preocupação:
— Se esses efluentes podem prejudicar os botos, também podem impactar o peixe de Itaipuaçu. Eles (a Petrobras) dizem que os efluentes serão tratados, mas sabemos que se tratam de substâncias tóxicas e que, ao longo dos anos, vão se acumular no ecossistema e nos seres marinhos.
INEA DIZ QUE MAR NÃO SERÁ IMPACTADO
Nascido e criado em Itaipuaçu, o pescador Isaias Rezende, conhecido como Jacaré, disse que já percebeu a redução da quantidade de pescado somente com o movimento de embarcações a serviço da Petrobras na praia:
— Elas estão ali para fazer medições para a construção do emissário. E também há o despejo de material da dragagem do Porto do Rio. Tudo isso tem afastado os peixes. Muitas espécies estão desaparecendo.
A Petrobras garante que as condições de balneabilidade das praias não serão afetadas e ressalta que vai tratar todos os efluentes sanitários e industriais antes do despejo no mar. A empresa informa ainda que parte significativa dos efluentes — embora não revele a quantidade exata — será reutilizada dentro do próprio Complexo, em vez de ser descartada.
O Inea informa que os estudos realizados durante o licenciamento ambiental demonstram que, após o tratamento, os efluentes do Comperj não deverão alterar a qualidade da água do mar, já que terão valores de cinco a dez vezes inferiores aos estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente.
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Enviada para Combate Racismo Ambiental por Eliana Leite.
Não há “medida compensatória” que minimize despejo de resíduos petroquímicos no MAR!!!